O cavalo em miniatura dado pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi um dos primeiros presentes a entrar na mira da Polícia Federal (PF).
A escultura foi apreendida com uma comitiva do Ministério de Minas e Energia no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e submetida a uma perícia detalhada no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal.
Os exames concluíram que a miniatura é composta por material maciço e banhada a ouro. O valor estimado foi de R$ 24,8 mil, segundo o laudo.
A PF afirma que a escultura é produzida na Itália e customizada para ser presentada como um “ato protocolar de cortesia”. Ela é acompanhada de uma placa dourada que diz, em inglês, “com cumprimentos de: Sua Alteza Real o Príncipe Abdulaziz bin Salman Al Saud, ministro de Energia”.
“As características da escultura com motivos, elementos e detalhes que remetem à cultura do país de referência na placa, que também abrangem frase dedicatória e identificação do nome, cargo de autoridade e país, são compatíveis com peça estrangeira de boa qualidade customizada e identificada para fins de concessão em ato protocolar de cortesia”, diz um trecho da perícia da PF.
A miniatura foi encontrada já quebrada na mochila de um assessor do Ministério das Minas e Energia e apreendida pela Receita Federal. A perícia afirma que a caixa onde estava o objeto também foi danificada. “A peça se encontra danificada e necessita de ação de restauro para recuperação de sua finalidade”, afirmam os peritos da PF.
A perícia faz parte do inquérito que apura se Bolsonaro e seus auxiliares tentaram desviar e vender presentes diplomáticos de valor, como joias e estátuas que pensavam ser de ouro. O ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tiveram os sigilos fiscal e bancário quebrados na investigação. A PF quer saber se há transações suspeitas que liguem o casal à venda ilegal dos objetos.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.