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Opinião | Violência, abuso e assédio: a importância de promover ambientes mais seguros para as mulheres

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convidado
Por Luciana Veloso Baruki

Em discussões sobre comportamentos prejudiciais nas relações humanas, os termos violência, abuso e assédio frequentemente são tratados como categorias distintas para destacar a especificidade de cada forma de dano. Contudo, quando examinamos a complexidade das interações humanas e as várias maneiras pelas quais o poder e a agressão se manifestam, percebemos que esses conceitos, em um sentido mais amplo, compartilham territórios significativos e podem ser vistos como sinônimos.

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Essa perspectiva é ampliada ao considerarmos não apenas a violência explícita, mas também suas manifestações sutis, como a violência passivo-agressiva. De maneira semelhante, a inclusão do microgerenciamento, das microagressões e da violência simbólica nesse espectro nos ajuda a compreender como formas menos óbvias de controle e agressão sutil podem infligir danos emocionais ou psicológicos.

Microgerenciamento, em particular, é uma forma de abuso no ambiente de trabalho que, embora possa não parecer imediatamente como violência, se baseia no exercício de poder e controle de uma maneira que mina a autonomia, a confiança e o bem-estar dos empregados. Ao insistir em controle excessivo sobre as tarefas e decisões dos trabalhadores, o microgerenciamento pode criar um ambiente de trabalho tóxico, onde o estresse, a ansiedade e a insatisfação são prevalentes.

Microagressões, por outro lado, são comentários ou ações sutis, muitas vezes inconscientes, que podem ser discriminatórios ou depreciativos. Elas constituem uma forma de assédio que reflete preconceitos subjacentes e perpetua um clima de exclusão e desrespeito. Embora cada microagressão isoladamente possa parecer menor, o acúmulo dessas experiências ao longo do tempo têm um impacto significativo na autoestima, na sensação de pertencimento e na saúde mental das pessoas.

Portanto, ao reconhecermos o microgerenciamento e as microagressões como partes integrantes do espectro de violência, abuso e assédio, reforçamos a necessidade de abordagens preventivas e de intervenção que sejam sensíveis à variedade de comportamentos prejudiciais que podem ocorrer em ambientes de trabalho e sociais. Isso não apenas enriquece nossa análise das dinâmicas de poder e agressão nas relações humanas, mas também sublinha a importância de promover ambientes mais seguros e respeitosos para todos, e para as mulheres em especial, tendo em vista a frequência muito maior em que são vítimas desse tipo de ação.

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Ao adotarmos essa visão inclusiva, argumentamos que violência, abuso e assédio funcionam como explicações muito próximas, e por vezes identitária mesmo, de como os comportamentos prejudiciais violentos, abusivos e assediadores se manifestam com um objetivo comum: exercer poder, controle ou causar dano a outro indivíduo, seja por meio de atos explícitos ou através de táticas mais sutis, como o microgerenciamento e as microagressões. Esta compreensão ampliada desafia-nos a identificar, compreender e a combater todas as formas de dano, contribuindo para a criação de uma sociedade mais equitativa, compassiva e solidária.

Convidado deste artigo

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Luciana Veloso Baruki
Auditora pioneira em fiscalizações de assédio no Ministério do Trabalho, advogada, doutora em Direito, médica pós-graduanda em Saúde Mental e Psiquiatria, administradora de empresas (FGV) e fundadora do perfil @assedionet
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