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Opinião | Vlado: o legado vivo da resistência democrática

Mais do que um mártir, Vladimir Herzog foi um homem dedicado à construção de uma sociedade justa. Seu exemplo nos guia em ações para um futuro mais humano e democrático

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convidado
Por Rogério Sottili
Atualização:

Hoje, ao marcar os 49 anos do assassinato de Vladimir Herzog, resistimos à comum tentação de concentrar nossas reflexões apenas no episódio trágico de sua morte. Embora a memória de sua luta contra a ditadura militar seja também força motriz para o progresso, é a celebração de sua vida, valores e legado que precisa estar no centro de nossa atenção.

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Mais do que um mártir, Vlado foi um homem sensível, um companheiro e pai carinhoso e dedicado, um professor, um jornalista, um cineasta, um intelectual, uma pessoa que, em cada mínimo gesto de sua vida pessoal ou pública, se revelou comprometida com a transformação social e com a construção de um Brasil mais justo e democrático. Até as últimas consequências.

A partir de sua trajetória mais conhecida, a de jornalista, demonstrou sua crença no poder transformador da palavra, das artes, da verdade e da comunicação. Para ele, o jornalismo não era apenas sua profissão, mas uma missão — não um espaço neutro ou subserviente aos interesses dos mais poderosos, mas um meio para se comprometer com a verdade, denunciar injustiças e amplificar a voz dos silenciados.

E é exatamente esse espírito que continua vivo em cada um de nós. É o norte que, desde 2009, orienta as ações do Instituto Vladimir Herzog (IVH), que neste ano completa 15 anos de história e de impacto na realidade política e social brasileira.

Nós do IVH acreditamos que além de honrar a vida de Vlado, devemos ter como missão e verdadeiro tributo dar, concretamente, continuidade à sua luta - sobretudo à que lhe custou a vida, a defesa da democracia - em busca de um país que respeite a dignidade humana em toda a sua diversidade.

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Por isso, defendemos que nossas ações não devem se limitar a preservar o passado. Mais que isso, é preciso agir no presente para moldar um futuro mais digno e próspero para toda a sociedade.

Através de nossos programas de Educação em Direitos Humanos, Jornalismo e Liberdade de Expressão e Memória, Verdade e Justiça, trabalhamos para transformar a realidade em um contexto de crise política e econômica, de ódio e intolerância, aspectos que ganham terreno, mas que, confrontados com o exemplo de Vlado, nos lembram que não podemos ceder à desesperança.

Se as crises que enfrentamos atualmente não são muito diferentes das que Vladimir Herzog vivenciou, nossa resposta precisa estar a altura da que ele ofereceu. Com o mesmo nível de coragem e de compromisso inabalável com seus valores e princípios.

Nós, do IVH, carregamos esse dever como uma chama que não se apaga, porque o que Vlado nos deixou não ficou no passado, é uma construção contínua e estamos todos convocados a dar-lhe forma e concretude.

Neste 25 de outubro, além de expressarmos nossa justa indignação para demarcar uma posição firme e resistente contra um passado que insiste em atravessar tempos, escolhemos celebrar a vida de Vlado, cuja trajetória nos inspira a agir e seguir acreditando na capacidade do ser humano de construir um mundo mais justo, livre e democrático.

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Se hoje olhamos para a história de Vladimir Herzog, é porque acreditamos que seu legado é um guia para o que ainda podemos realizar, e celebrar sua vida é reafirmar que ainda há muito por fazer, e que o sonho de uma sociedade mais democrática e humana segue vivo, tal como o nome: Vlado.

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Rogério Sottili
Diretor executivo do Instituto Vladimir Herzog. Foi secretário especial de Direitos Humanos do governo federal, secretário municipal de Direitos Humanos da Cidade de São Paulo, secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência e secretário executivo da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Foto: Arquivo pessoal
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