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Opinião | Você acredita em aquecimento global?

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convidado
Por José Renato Nalini
Antártida Foto: Clayton de Souza/Estadão

A ciência comprovou que a atividade humana provocou mutações profundas na saúde do planeta. O resultado do aquecimento global é o capítulo das mudanças climáticas, o maior risco a que a humanidade já foi submetida durante seu longo percurso pela Terra.

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Tal constatação parece merecer crédito, ao menos na imensa maioria de pessoas. Uma pesquisa realizada no município de São Paulo entrevistou mil e quarenta e sete pessoas e a margem de erro é de 3,03%, o que representa a obtenção de 95% de confiança.

Todas as regiões da megalópole foram contempladas. Os entrevistados tinham de responder à pergunta: “Você acredita que o nosso planeta está em processo de aquecimento global neste momento?”.

87,5% das respostas foram afirmativas. Apenas 12,5% responderam que o aquecimento global é uma teoria. As mulheres foram maioria: 89,8% e os homens alcançaram 84,7% de respostas positivas.

Quando se indagou a causa do aquecimento, 78,6% responderam que são as atividades humanas e 21,4% atribuem a causas naturais. Sobre a conversa, entre familiares e amigos, sobre as mudanças climáticas, 37,2% disseram que ela ocorre com frequência, 48,4% ocasionalmente e 14,4% confessaram nunca haver conversado sobre esse assunto.

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A respeito do “efeito estufa”, 88,3% dos entrevistados já ouviram falar dele e apenas 11,7% nunca ouviram falar. Também 76,3% das pessoas têm noção do que significam os fenômenos naturais cíclicos “El Niño” e “La Niña”. Já 23,7% dos pesquisados os desconhecem.

Impressiona saber que, para 87,8% dos que foram ouvidos na pesquisa, a elevação do nível dos mares, o aumento na ocorrência de incêndios florestais, ciclos cada vez mais frequentes de grandes temporais em alguns locais e de períodos de seca em outros lugares, são eventos relacionados à ação humana sobre a natureza. Ou seja: somente 12,2% dos contactados não vinculam essas ocorrências à ação do homem sobre a Terra.

Esses episódios estão cada vez mais frequentes no noticiário. Por isso, 66,5% do universo de pesquisa ouviram falar disso há menos de uma semana. Também é relevante observar que 96,4% dos ouvidos acredita que a Prefeitura deve atuar ativamente para criar alternativas a curto e médio prazo para diminuir a poluição e seus efeitos nas mudanças climáticas de São Paulo. Entretanto, apenas 15,6% conhece algum plano ou programa de ação climática de São Paulo. Ou seja: 84,4% dessa parte representativa da população não sabem da existência de qualquer plano ou projeto pertinente à amenização dos efeitos da mudança climática.

É muito sensata a postura dos munícipes na consideração de que é correto exigir que as empresas consideradas poluidoras, principalmente aquelas que possuem contrato com a Prefeitura, apresentem soluções para a cidade, no sentido de reduzir a poluição e melhorar a qualidade do ar. O número dos que assim pensam equivale a 90,1% do rol dos entrevistados.

Tudo em coerência com os 72,5% dos que entendem que a qualidade do ar na cidade de São Paulo está piorando. Enquanto isso, 8,7% acham que ele está melhorando e 18,8% não perceberam qualquer alteração.

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A pesquisa ainda repudia o uso de diesel no transporte e, para 90,6%, as mudanças no Clima afetam os preços dos alimentos. Quase a totalidade dos que se propuseram a opinar, ou, mais exatamente, 96,4%, acredita que os assuntos relacionados às mudanças climáticas devem ser ensinados nas escolas.

O aspecto a ser enfatizado é o da responsabilidade cidadã em relação aos maus tratos infligidos à natureza. Parece pairar uma sensação generalizada de que o único a cuidar das mutações é o governo. Ora, governo é mandatário de um único mandante, o titular da soberania no estado democrático de direito. O povo. Como bem observou Fersen Lambranho, no “Estadão” de 16.1.2024, “...o Brasil, um país ensolarado, que tem a maior biodiversidade do planeta, uma matriz de energia limpa e abundância de água, experimentou em 2023 diversos problemas climáticos jamais observados em sua história...precisamos salvar a humanidade, que caminha a passos largos para sua autoextinção antecipada”.

Como obter essa verdadeira “conversão” da humanidade, para que se una, coesa, em prol da salvação da vida na Terra? É um problema que precisa ser encarado de frente, seriamente e com urgência.

Convidado deste artigo

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José Renato Nalini
Reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo. Felipe Rau/Estadão
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