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Witzel se diz vítima de perseguição política e chama delação de Edmar Santos de 'mentirosa'

Governador afastado do Rio afirmou que vai recorrer para permanecer no cargo e chamou a busca e apreensão promovida pela Polícia Federal em sua residência oficial de 'busca e decepção'

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Foto do author Marcio Dolzan
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Atualizada às 13h07*

Wilson Witzel fala do afastamento do governo do Rio. Foto: Wilton Junior/Estadão

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Dizendo-se 'indignado' e 'vítima de perseguição política', o governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC), afirmou na manhã de hoje que vai recorrer para permanecer no cargo. Ele acusou a procuradoria da República de perseguição e disse que vai seguir morando no Palácio Laranjeiras. 'Não fui despejado', disse.

Witzel fez um pronunciamento de mais de 20 minutos. Acusou a procuradora Lindôra Araújo, responsável por sua denúncia, de perseguição e ligação com a família Bolsonaro, de quem se tornou desafeto.

"Uma procuradora cuja imprensa já denunciou um relacionamento próximo com a família Bolsonaro. Bolsonaro que já declarou que quer o Rio de Janeiro, já me acusou de perseguir a família dele", disse Witzel."Eu quero desafiar o Ministério Público Federal, na pessoa da doutora Lindôra - porque a questão agora é pessoal -, que me acusou de chefe da organização criminosa. Quero que ela apresente um único e-mail, um único telefonema, uma prova testemunhal, um pedaço de papel, que eu tenha pedido qualquer tipo de vantagem ilícita."

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A subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo, por meio da assessoria de imprensa da PGR, afirmou que, assim como em todos os casos que tramitam na Assessoria Jurídica Criminal para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), sua atuação é pautada em provas e é sempre submetida à apreciação do Poder Judiciário. "O descontentamento dos investigados é natural e deve ser manifestado e rebatido nos autos", disse.

O governador afastado chamou a busca e apreensão promovida pela Polícia Federal em sua residência oficial de 'busca e decepção'. "Não encontrou um real, uma joia. Foi mais um circo. Lamentavelmente, a decisão do excelentíssimo senhor ministro Benedito, induzido pela procuradoria da República, na pessoa da doutora Lindôra, que está se especializando em perseguir governadores, desestabilizar os estados da federação, com investigações rasas, buscas e apreensões preocupantes", disparou Witzel.

Ele ainda chamou o ex-secretário de Saúde do Estado Edmar Santos - que chegou a ser preso e, em delação premiada, acusou Witzel de ter ligação com desvios - de 'canalha' e 'vagabundo'.

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"É a delação de um canalha, uma delação mentirosa. (Edmar Santos) foi pego com a boca na botija", comentou Witzel, que citou outros processos contra chefes de executivo que acabaram não confirmando as denúncias. "O processo penal brasileiro está se transformando num circo. O governador Pimentel, na operação Acrônimo, levou cinco anos para dizer que não tinha prova contra ele. O processo contra o ex-presidente Temer, recentemente no Tribunal Regional Federal, teve absolvição."

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Durante sua fala, sobrou até para o ex-ministro Sergio Moro, que assim como Witzel teve carreira como juiz federal. "Eu não sou a favor de Lula, nem contra Lula. Mas o STF está chegando à conclusão que, infelizmente, o ex-ministro Moro foi parcial. E essa decisão, o ministro (Edson) Fachin foi muito claro, evitou que o ex-presidente Lula disputasse a presidência da República."

Primeira-dama

O governador afastado também defendeu sua mulher, Helena Witzel, que também foi alvo de busca e apreensão nesta sexta. "O contrato da doutora Helena com o hospital Hinja é um contrato que antecede muito a minha posse como governador. É o trabalho dela na advocacia desde 2016, que analisa as dívidas fiscais no Hinja, mais de R$ 50 milhões. O que está entrando no Tribunal Regional da 2.ª Região é um agravo, que resolve o problema com a empresa. É uma construção jurídica. Aonde está o ato ilícito? Aonde está a lavagem de dinheiro?"

Wilson Witzel fez um pronunciamento de mais de 20 minutos. Ele praticamente não respondeu perguntas de repórteres, mas ao ser indagado sobre as transferências de valores da conta de sua mulher para a dele, apenas justificou: "somos casados".

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