A deputada federal Carla Zambelli vai comparecer à Polícia Federal na segunda-feira, 4, após ser intimada a prestar depoimento no bojo da Operação 3FA, que fez buscas em endereços da parlamentar por suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com a inserção de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
A defesa da bolsonarista, no entanto, já anunciou que Zambelli não responderá às perguntas dos investigadores. O advogado da parlamentar, Daniel Bialski, diz que sua cliente não se pronunciará até que a defesa tenha acesso às cópias de todo inquérito da ‘3FA’.
“Embora a deputada queira ser ouvida e prestar todos os esclarecimentos — justamente por não ter cometido ou participado de qualquer ilicitude — sobre os fatos relativos à operação deflagrada nesta semana, por expressa orientação da defesa técnica, não responderá às perguntas até que sejam fornecidas cópias de todo o Inquérito e das cautelares — o que ainda não ocorreu —, justamente para assegurar a ampla defesa, o contraditório e o devido processo legal”, indicou.
Zambelli foi um dos alvos principais da ofensiva aberta na quarta-feira, 2, junto de Walter Delgatti Neto, hacker do ex-juiz Sérgio Moro e de ex-integrantes da Operação Lava Jato, entre eles o ex-deputado Deltan Dallagnol. Ele foi preso no bojo da operação.
O inquérito se debruça sobre delitos que ocorreram entre 4 e 6 de janeiro, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Em depoimento dado em oitiva no dia 27 de julho, o hacker admitiu a invasão do sistema do CNJ e implicou Zambelli diretamente pela inserção da ordem de prisão fraudulenta contra Moraes. Segundo a PF, Walter Delgatti disse que recebeu pagamentos como ‘contraprestação para ficar à disposição da parlamentar’.
Ele ainda citou o ex-presidente Jair Bolsonaro. Disse ter encontrado o ex-chefe do Executivo no Palácio do Alvorada, ‘tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código fonte, conseguiria invadir a Urna Eletrônica’. Segundo o hacker, ‘isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal’.
A expectativa que gira em torno da oitiva de Zambelli é se a deputada vai revelar detalhes da reunião do hacker com Bolsonaro. Em coletiva após a operação, a deputada tentou desvincular o ex-presidente do caso.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.