BRASÍLIA - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) afirmou que a indicação da ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, para o conselho de administração da metalúrgica Tupy “avança no desafio da inclusão de mulheres e negros na alta administração de empresas”. A escolha foi criticada pela oposição em virtude de a área de atuação profissional da ministra não ter relação direta com o setor econômico da empresa.
A ministra é formada em Jornalismo e em Inglês e tem especializações que a tornaram uma liderança em temas de igualdade racial e de gênero. Em nota, o banco de fomento destacou que uma das metas da política de indicações para conselhos é ampliar a participação feminina e de negros “em um cenário no qual apenas 19% de mulheres ocupam esse espaço e 3% são negros”.
Além de Anielle, o governo também indicou para o mesmo conselho o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, cacique do PDT, partido da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao justificar a indicação do pedetista, formado em administração de empresas, o BNDES disse que o ministro “tem destacada experiência administrativa no setor público, tendo ocupado diversos cargos executivos e de conselhos”. Nenhum deles, entretanto, no segmento metalúrgico.
Os colegiados citados no histórico profissional do ministro foram: Conselho Fiscal do SESC, Conselho de Administração do BNDES, Conselho Nacional da Previdência Social, presidente do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT e presidente do Conselho Curador do FGTS.
Na última sexta-feira, 25, o conselho de administração da Tupy aprovou os nomes de Anielle Franco e Carlos Lupi, indicados pela BNDES Participações (BNDESPAR), que detém partes de empresas privadas e pode indicar nomes para os respectivos colegiados. O banco tem 28% da metalúrgica Tupy, com sede em Joinville (SC).
Na reunião que aprovou a entrada dos dois ministros, três dos sete conselheiros se abstiveram de votar. Os outros quatro foram favoráveis. Pela participação, eles podem receber até R$ 36 mil por mês. A remuneração se soma aos R$ 41,6 mil de salários que recebem como ministros de Estado.
“A indicação de lideranças dos setores público e privado para conselhos de administração das investidas da BNDESPAR é um movimento natural, que busca levar essa experiência às instâncias estratégicas dessas empresas, em seu melhor interesse, sem descuidar dos interesses do BNDES e do seu controlador. Além disso, atendem às regras legais aplicadas ao mercado de capitais”, frisou a instituição, em nota.
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