Governistas avançam em postos-chave da Câmara dos Deputados

Além de Bia Kicis na CCJ, Casa terá Carla Zambelli na Secretaria de Comunicação e maioria alinhada ao governo na Mesa Diretora

PUBLICIDADE

Foto do author Vinícius Valfré

BRASÍLIA – A indicação da deputada Bia Kicis (PSL-DF) como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) não é o único avanço de governistas sobre "postos-chave" da Câmara, consolidado a partir da vitória de Arthur Lira (Progressistas-AL) ao comando da Casa. Fiel escudeira de Jair Bolsonaro, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) assumirá a Secretaria de Comunicação. Além disso, dos sete principais assentos da Mesa Diretora, apenas Luciano Bivar (PSL-PE), na Primeira-Secretaria, e Marília Arraes (PT-PE), na Segunda-Secretaria, não são aliados do Palácio do Planalto.

Investigada no inquérito das fake news do Supremo Tribunal Federal (STF), Zambelli tem o aval de Lira para assumira Secretaria de Comunicação. Entre as atribuições do cargo estão gerenciar e definir a linha editorial da TV, Rádio e Agência Câmara. 

A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) em frente à maquete do Congresso Nacional, no Salão Verde da Câmara Foto: Gabriela Biló/Estadão

PUBLICIDADE

"O presidente Arthur Lira já aprovou. A Carla é um fenômeno na área da comunicação e tenho certeza que vai fazer um bom trabalho", disse o líder do PSL, deputado Major Vitor Hugo (GO). Zambelli também é investigada no inquérito do STF que apura a organização de atos antidemocráticos, com pautas a favor do fechamento do Congresso e da Suprema Corte.

Como revelou o Estadão, em julho do ano passado, a deputada do PSL está na lista de parlamentares que contrataram empresas com dinheiro da Câmara para gerir canais monetizados no YouTube, com vídeos que arrecadam recursos de acordo com o número de visualizações. Na época, Zambelli havia gastado R$ 4 mil da cota parlamentar com uma firma que trabalha na edição do conteúdo que posta. O alcance dos vídeos gerou R$ 23.702 da plataforma controlada pelo Google. 

A Secretaria de Comunicação é comandada atualmente pela deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), rompida com bolsonaristas e hoje rival de Zambelli. 

Publicidade

A confirmação de Zambelli simboliza o avanço de parlamentares governistas sobre postos-chave da Câmara. Para acomodar as indicações de partidos aliados, Lira exonerou no fim de semana cerca de 500 servidores que exerciam cargos comissionados ligados ao grupo político derrotado. Um ato da Mesa Diretora, assinado por Lira, determinou a saída de todos os ocupantes de cargos em comissão, de natureza especial. As exonerações passaram a valer a partir de sexta-feira, 5.

Além disso, até o momento, a única indicação feita oficialmente pelo PSL para a comissão mais importante da Casa, a CCJ, é a da bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF). Partidos de oposição até se mobilizam para lançar outros nomes, como o PSOL, mas o posto caberia mesmo ao PSL em função de o partido ter a maior bancada. Kicis também é investigada no STF por terparticipar da organização de atos antidemocráticos. 

A ala governista do partido ganhou o direito de indicar o comando da CCJ em razão do acordo para divisão de espaços importantes da Câmara. O rateio leva em conta a proporção das bancadas, mas também é definido por combinações internas. O presidente da Câmara ainda discute a divisão dos demais colegiados da Casa. 

Resistência

A opção por Kicis gerou resistências interna e externa, mas o PSL mantém a indicação. "Quem conhece a Bia de perto sabe do seu perfil de diálogo. Vai respeitar a independência e harmonia entre os Poderes. Vai fazer um trabalho sensacional", disse Vitor Hugo.

Publicidade

Segundo interlocutores de Lira, o presidente está disposto a respeitar o acordo e não criar óbices à confirmação de Kicis. No entanto, é possível que o próprio PSL opte pela substituição, em virtude do desgaste, ou que outros candidatos sejam incentivados a concorrer pelo cargo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.