RIO - Um dia após ataques de bolsonaristas aos prédios dos Três Poderes em Brasília, golpistas começaram, por iniciativa própria, a desocupar na manhã desta segunda-feira, 9, o acampamento que mantinham em frente ao Comando Militar do Leste (CML), no centro do Rio de Janeiro. Seguidores do presidente Jair Bolsonaro mantinham a aglomeração para protestar contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e para apelar aos militares para que dessem um golpe.
A desocupação ocorre após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), publicar uma decisão no início da madrugada desta segunda-feira, horas após os tumultos ocorridos no Distrito Federal. O ministro ordenou a “desocupação e dissolução total” dos acampamentos em até 24 horas.
“A desocupação e dissolução total, em 24 (vinte e quatro) horas, dos acampamentos realizados nas imediações dos Quartéis Generais e outras unidades militares para a prática de atos antidemocráticos e prisão em flagrante de seus participantes pela prática dos crimes previstos nos artigos2ª, 3º, 5º e 6º (atos terroristas, inclusive preparatórios) da Lei nº13.260, de 16 de março de 2016 e nos artigos 288 (associação criminosa), 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) e 359-M (golpe de Estado), 147 (ameaça), 147-A, § 1º, III(perseguição), 286 (incitação ao crime)”, decidiu o ministro.
Cerca de 50 manifestantes começaram a retirar barracas, toldos e pallets usados no acampamento. A desocupação ocorre sem a presença da Polícia Militar e da Guarda Municipal. No início da manhã, um fotógrafo da Agência Futura, a serviço do jornal Folha de São Paulo, foi agredido por um grupo. Ele foi cercado e ameaçado pelos bolsonaristas.
Mais cedo, o prefeito do Rio , Eduardo Paes (PSD), prometeu retirar o acampamento bolsonarista até a noite desta segunda-feira, 9. O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que a Polícia Militar só deve usar a força caso os manifestantes resistam à desocupação.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.