Bolsonaristas montam acampamento em Brasília na véspera do 7 de Setembro e pedem intervenção no STF

Apoiadores circulam pela capital federal com carros, bandeiras e máquinas agrícolas em apoio a Bolsonaro. Grupo pede destituição de ministros do Supremo em acampamento.

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Foto do author Daniel  Weterman
Atualização:

BRASÍLIA - A capital federal foi tomada por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro na véspera do 7 de Setembro. Convocados pelo chefe do Executivo e candidato à reeleição para irem às ruas “pela última vez”, manifestantes desfilam com carros, bandeiras, máquinas agrícolas e montaram um acampamento pedindo intervenção das Forças Armadas no Supremo Tribunal Federal (STF).

À noite, nesta terça-feira, o presidente acenou para apoiadores aglomerados em áreas cercadas na Esplanada dos Ministérios, na altura do Palácio Itamaraty, onde ele recebeu, mais cedo, autoridades estrangeiras que visitam o país por ocasião das comemorações pelo bicentenário. A cena foi registrada em vídeos que foram compartilhados no Twitter por apoiadores.

Grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro estaciona caminhões em parque de exposições, na região de acesso a Brasília, na véspera do 7 de Setembro Foto: Wilton Junior/Estadão

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O acampamento foi montado em um parque de exposições em Samambaia, região administrativa do Distrito Federal, na BR-060, a 30 quilômetros da Esplanada dos Ministérios, onde ocorrerá o desfile cívico promovido pelo governo federal e a manifestação de apoiadores convocada por Bolsonaro, candidato à reeleição.

Ao chegar no local do acampamento, a reportagem foi abordada por um apoiador que carregava um volume de bandeiras do Brasil. “Aqui todo mundo é da paz”, disse. No estacionamento do parque, às 17 horas, havia 10 carretas, três ônibus e algumas caminhonetes. Os apoiadores aguardavam mais gente para engrossar o grupo até a manhã desta quarta-feira, 7.

Uma das faixas estendidas no local pedia intervenção das Forças Armadas no Supremo. “Presidente Jair Bolsonaro, acione as Forças Armadas para destituir todos os ministros do STF”, dizia o material. Ao lado, estavam dois ônibus de Lucas do Rio Verde com a frase “liberdade/limpeza no STF/eleição transparente” estampada na lateral dos veículos. Na entrada do parque, havia segurança privada.

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No trajeto da BR-060 até a Esplanada dos Ministérios, era possível ver caminhonetes com adesivos de setores do agronegócio apoiando Bolsonaro, bandeiras do Brasil, toalhas com a foto do presidente e materiais de campanha do candidato à reeleição. Bolsonaro conta com a manifestação para mostrar força no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em outras cidades no meio da eleição.

O discurso de ataque ao Supremo Tribunal Federal, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, que preside o Tribunal Superior Eleitoral, é o mais recorrente entre os militantes que convocaram os apoiadores para o 7 de setembro. Como o Estadão mostrou, um grupo de pelo menos 25 apoiadores de Bolsonaro já foram fichados pela Polícia Federal por atos extremistas e agora estimulam a participação nos atos desta quarta, com ataques a ministros e replicando as falas do presidente.

Até a véspera do 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro não fez nenhum movimento para barrar os discursos mais extremos. Durante a convenção do PL que lançou sua candidatura em julho, no Rio, ele convocou os manifestantes para irem às ruas “pela última vez”. No último fim de semana, chamou o ministro Alexandre de Moraes de “vagabundo” e, nesta terça-feira, 9, voltou a atacar Moraes e o ministro Luiz Edson Fachin.

Ônibus de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro vindo de Lucas do Rio Verde-MT exibe faixa contra o Supremo Tribunal Federal, em estacionamento de parque de exposições, na região de acesso a Brasília.  Foto: Wilton Junior/Estadão

“O povo que tem dar o norte para nós ou é um ou outro ministro do TSE agora que tem que dar o norte para nós e dizer como tem que ser feito as coisas?”, disse o presidente nesta terça-feira, 6, em entrevista à Rádio Jovem Pan, ao falar do 7 de setembro.

O presidente chamou as pessoas para as ruas e declarou que Moraes, após algumas conversas de conciliação, “voltou ao que era antes” e continua tomando medidas irregulares. Bolsonaro acusou Fachin de fazer interferências ilegais com a decisão que limitou os decretos de Bolsonaro sobre compra de armas e com o julgamento que anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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