Direita critica governo Lula por não condenar ataque do Irã a Israel; veja repercussão

Itamaraty expressou preocupação e disse querer evitar a ‘escalada no conflito’, mas sem condenação direta à ofensiva iraniana, que lançou mais de 300 drones contra o território israelense; políticos governistas criticam investida e dizem que ataque foi reação do Irã a ataque de Israel

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Atualização:

O ataque do Irã a Israel neste sábado, 13, gerou reações entre deputados e políticos nas redes sociais. Parlamentares de direita foram mais vocais sobre o tema, expressando descontentamento à reação do governo brasileiro sobre a ofensiva militar, que não condenou a investida iraniana. A crítica diz respeito à nota do Ministério das Relações Exteriores que expressou “grave preocupação” e pediu a países que “exerçam contenção” e evitem escalada do conflito, mas sem uma condenação direta ao Irã.

Do lado governista, o assunto não foi tão comentado. Parlamentares de esquerda afirmaram que foi o governo israelense que aumentou as tensões no Oriente Médio ao bombardear uma embaixada iraniana no começo do mês.

No X (antigo Twitter), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reclamou que a nota do Itamaraty sobre o ataque de drones não condena o Irã. “E no fundo do poço tinha um alçapão!”, ironizou. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) pediu uma condenação à ofensiva. “Esperando que o governo brasileiro condene os ataques iranianos a Israel. Infelizmente não é algo fácil pra eles, pois não apoiaram a investigação da ONU contra o Irã por violação dos direitos das mulheres”, escreveu. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) chamou a reação do governo brasileiro de “inaceitável”. Ela disse ainda que “Lula silencia diante de atos de seus aliados”.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, não criticou o posicionamento do governo, mas publicou no X seu apoio a Israel. “O mundo está apreensivo com a escalada de tensão e sigo orando para que seja encontrado o quanto antes um caminho para a paz”, postou o governador.

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O grupo parlamentar Brasil-Israel, presidido pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), publicou uma nota em que repudia “veementemente” o ataque do Irã. “O direito de Israel à autodefesa é inalienável e deve ser plenamente respeitado pela comunidade internacional”, declarou. “Reafirmamos nosso compromisso inabalável com a paz e a segurança na região e exortamos todas as partes envolvidas a buscar soluções pacíficas e diplomáticas para resolver suas diferenças”.

Outros parlamentares expressaram solidariedade aos israelenses. O deputado estadual de São Paulo Gil Diniz (PL) escreveu: “Vamos orar por Israel! Nosso total apoio ao povo de Israel”. O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), que também é pastor, foi outro a pedir por orações e chamou os israelenses de “povo escolhido”. Dr. Frederico (PRD-MG) publicou que “Israel há de resistir novamente!”.

Governistas se preocupam com escalada do conflito e criticam Irã e Israel

O Irã lançou no sábado um ataque com mais de 300 drones, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro, segundo Israel. O governo israelense disse ter interceptado 99% das ameaças. Foi a escalada militar mais grave no Oriente Médio desde a Guerra do Golfo, terminada em 1991.

Em resposta, o governo brasileiro fez um apelo “a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção”, para “evitar uma escalada” do conflito, mas não condenou a ação iraniana. “O Governo brasileiro acompanha, com grave preocupação, relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria. Desde o início do conflito em curso na Faixa de Gaza, o Governo brasileiro vem alertando sobre o potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, o Irã”, diz o texto do Itamaraty.

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Explosões no céu de Tel Aviv, Israel, após ataque iraniano em 14 de abril de 2024 Foto: Mostafa Alkharouf / ANADOLU / Anadolu via AFP

Até a manhã deste domingo, 14, o único integrante do alto escalão governo federal a publicar no X sobre os ataques foi o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. Ele condenou a ofensiva iraniana e, ao mesmo tempo, pediu o fim de ataques israelenses em Gaza.

“Condenamos o ataque do Irã sobre Israel. Queremos paz no Oriente Médio. Exigimos o fim dos ataques à Gaza por parte de Israel”, escreveu. “Evidentemente, ao condenar o ataque do Irã a Israel condenamos igualmente o ataque de Israel a embaixada Iraniana na Síria. O mundo precisa ajudar a evitar a presente escalada bélica no Oriente Médio”.

O vice-líder do governo Lula no Congresso, deputado federal Bohn Gass (PT-RS), pediu paz no Oriente Médio e acusou Israel de cometer um genocídio em Gaza.” Urgente uma posição mundial em direção à paz no Oriente Médio. Irã, Iraque e Iêmen atacaram Israel - que segue o genocídio em Gaza e resolveu atacar, também, a embaixada do Irã na Síria. O Brasil de Lula pede o cessar-fogo desde o ano passado e essa é a única postura aceitável”, escreveu ele.

Outros parlamentares de esquerda também destacaram o ataque de Israel à embaixada iraniana na Síria em postagens sobre a ofensiva militar do Irã. No dia 1º de abril, um ataque aéreo israelense destruiu a seção consular da embaixada, matando pelo menos sete pessoas, entre eles um alto conselheiro militar iraniano. O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) atacou o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e disse estar muito apreensivo “pela possibilidade de escalada dos conflitos no Oriente Médio”, que atribuiu à “dupla violação de soberania no ataque gratuito à embaixada iraniana”.

O deputado acusa Netanyahu de “tenta forçar nova correlação de forças para ressignificar seus intentos genocidas, mostrando-se indiferente até mesmo à segurança de sua própria população, assim como se demonstrou frio diante da situação de reféns israelenses”.

Seu colega de partido, Chico Alencar (RJ), descreveu o ataque contra Israel como uma “reação do Irã” e acrescentou que o governo israelense “é fator de permanente tensão.” O ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PSB), ex-ministro do Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, chamou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de “inconsequente”.

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