O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que “deve estar” no debate com candidatos à Presidência da Band TV, marcado para este domingo, 28. O chefe do Executivo hesitava em comparecer ao evento, mas afirmou nesta sexta-feira, 26, que “bateu o martelo”. “Num momento achava que não deveria ir, agora acho que devo”, afirmou à rádio Jovem Pan. Como mostrou o Estadão, aliados do presidente disseram que ele tem se questionado se deve ou não participar e a decisão final só deve ser tomada no último momento.
Ele disse acreditar que sua estratégia para o debate dará certo, mas que já espera ser “fuzilado” pelos adversários. “Vão atirar em mim o tempo todo”, afirmou. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal oponente de Bolsonaro, havia confirmado presença, mas a campanha petista está agora em compasso de espera. O ex-presidente só deve comparecer ao encontro se Bolsonaro, de fato, também for ao debate.
A estratégia de Bolsonaro é fazer perguntas a Lula sobre medidas feitas durante seu governo. “Vamos fazer pergunta para o cara. Posso fazer sobre o que eu fiz e o que ele acha disso, a gente pode ir por essa linha aí. O que ele achou do pix, da redução o preço dos combustíveis, que o partido dele votou contrario. Vamos abaixar o nível”, detalha.
Durante a entrevista, o presidente ainda criticou a proibição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de os eleitores levarem celulares para as votações no dia 2 de outubro. Segundo ele, isso dificulta uma possível detecção de fraude no sistema eleitoral.
“O que mais recebi em 2018 foram pequenos vídeos de pessoas que iam votar, ia apertar o 17, e não saía. Já dava como encerrado, aparecia o 13 e o Haddad. E eles querem vetar isso daí. Será que não conseguiram sanar isso ou isso existe propositalmente para tentar mexer no número da votação final?”, questionou o candidato, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, nesta sexta-feira, 26.
O candidato à Presidência da República também acusou, sem citar nomes, que um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) supostamente interferiu na Polícia Federal (PF). “Esse ministro escala o seu delegado da Polícia Federal. Ele determina que faça isso ou aquilo. E quando o delegado põe ordem de prisão, busca e apreensão e ele assina embaixo, não é a PF. É que quer fazer isso daí. Há uma interferência buscando atingir seus objetivos que, no meu entender, é o poder”, sugere Bolsonaro, ao ser perguntado sobre a operação da PF que, a mando do ministro Alexandre de Moraes, buscou celulares de oito empresários bolsonaristas, nesta semana.
O presidenciável ainda comparou a atitude de Moraes, ainda sem o citar nominalmente, a uma ditadura. “Quando se fala em caminho para ditadura, o Brasil está caminhando, não com a velocidade que estaria se tivesse o Haddad em meu lugar, mas não é pelo chefe do executivo. A gente não sabe porque essa pessoa age dessa maneira, agora a gente também vê claramente que faz tudo para prejudicar nosso lado”, insinua. Em outro momento do programa, Bolsonaro declara que “a censura tem sido feita por parte do ministro Alexandre de Moraes”, que “quer prejudicar” sua campanha e “está sendo parcial nas decisões dento do TSE”.
Agregador de pesquisas do Estadão
O presidente ainda voltou a criticar a segurança das urnas eletrônicas. “Vamos esperar arrombarem a porta para depois botar uma tranca?”, indaga. Segundo Bolsonaro, é “quase impossível” fraudar as urnas, mas “tudo passa pelo ser humano”, ou seja, “é possível” haver um erro, o que não foi provado, até então.
Lealdade a Paulo Guedes
Bolsonaro também assegurou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, vai se manter no cargo, assim como os outros, se reeleito. O motivo é o sentimento de lealdade entre ambos. “Quando vou indicar uma pessoa para o STF ou um cargo qualquer, eu falo: ‘a competência é importante, mas o cara tem que tomar uma tubaína comigo’”, brinca o presidente, dizendo que Guedes é uma dessas pessoas de “maior aproximação”.
Em relação a ex-integrantes de seu governo, como o ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta e o ex-juiz Sérgio Moro, a situação é diferente. Para o presidente, Mandetta “passou a ser garoto propaganda da Globo” e não aceitou incentivar o “tratamento precoce”. Já Moro, ficou ambicioso demais. “Ele queria uma indicação para o Supremo, jamais passaria na sabatina, e estava na cabeça dele disputar a Presidência um dia. Se ele tivesse mantido numa boa comigo, ele podia ser meu vice agora”, afirma.
O candidato à reeleição ainda pontuou a dificuldade de fazer passar propostas sem o apoio do Centrão. “Não tem como governar sem os partidos de centro. São mais ou menos 300 votos de um total de 513, você não aprova absolutamente nada lá”, diz. Ele também se posicionou contra o novo marco temporal das terras indígenas. “Se isso for aprovado, dobra o espaço de terra demarcadas e seria o fim do nosso agronegócio”, acrescenta.
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