‘Bolsonaro apoia meu nome, não o de Nunes, para Prefeitura de SP’, diz Ricardo Salles

Ex-ministro do Meio Ambiente, deputado afirma que PL tem de manter espaço conquistado na direita e apresentar nome próprio na disputa de 2024

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SÃO PAULO E BRASÍLIA – O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) disse, em entrevista ao Estadão/Broadcast, que tem o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para concorrer à Prefeitura de São Paulo no próximo ano. A declaração do parlamentar é uma tentativa de demarcar posição em meio aos movimentos do atual prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), para obter apoio de Bolsonaro e do PL à sua provável candidatura à reeleição.

“O presidente Bolsonaro apoia o meu nome, não o de Nunes. Tenho absoluta convicção (do apoio do ex-presidente). Tive anteontem com o presidente Bolsonaro, e ele reiterou o apoio ao meu nome”, afirmou Salles.

Deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles quer disputar a Prefeitura de São Paulo em 2024 Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

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Segundo o deputado, que foi ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, o ex-presidente ainda não declarou apoio público a ele por “respeito” ao presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. A possível candidatura de Salles divide o partido, que atualmente compõe a base aliada de Nunes. Setores da sigla defendem respaldar a reeleição do prefeito, que assumiu após a morte de Bruno Covas (PSDB), em maio de 2021.

Apesar de pregar respeito a Valdemar, Salles disse que o maior “ícone” do PL é Bolsonaro, em um recado de que a posição do ex-presidente pode se sobrepor internamente no partido à do presidente nacional.

O maior partido que emergiu das eleições não pode ser coadjuvante a uma administração pública desconhecida e mal avaliada por quem conhece

Ricardo Salles (PL), deputado federal

O ex-ministro do Meio Ambiente afirmou ainda que é “inviável” haver candidatura única para representar a direita em São Paulo. “Acho inviável ter candidatura única por uma razão: o Ricardo Nunes não apoiou Bolsonaro na eleição de 2022. Ele próprio comentou em entrevista ao Estadão que não queria ser o candidato da direita. Se ele não apoiou o presidente Bolsonaro e não quer ser o candidato da direita, esse espaço de candidato da direita, da centro-direita, tem de ser ocupado por quem de fato tem essa visão”, afirmou.

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Ele declarou que o PL não pode ser “coadjuvante” de uma administração “desconhecida”, em crítica a Nunes. “O maior partido que emergiu das eleições não pode ser coadjuvante a uma administração pública desconhecida e mal avaliada por quem conhece. A lógica de um partido que quer se afirmar, se colocar como partido da centro-direita no Brasil, não pode, na primeira oportunidade que vê pela frente, apoiar um candidato que não corresponde a essa linha de pensamento”, disse.

Apoio de Tarcísio

Salles afirmou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apoiará na disputa pela Prefeitura aquele que receber o aval de Bolsonaro. Nunes tenta aliança com Tarcísio para 2024 e chegou a dizer, em entrevista recente ao Broadcast Live, que o governador tem “simpatia” pela candidatura dele.

“Tenho bastante convicção de que, do lado que estiver o presidente Bolsonaro, estará Tarcísio. Há questão de gratidão, de coerência com o grupo que o elegeu, ao presidente Bolsonaro. A visão de mundo representada pelo nosso grupo dos conservadores, dos liberais, é mais próxima da visão de mundo do governador Tarcísio do que a do grupo que está atualmente na Prefeitura, e muito menos do que o Guilherme Boulos.”

‘Perseguição’

Salles foi questionado também sobre a investigação em curso sobre o certificado de vacinação do ex-presidente. De acordo com o deputado, Bolsonaro não tinha “interesse nenhum” em falsificá-lo.

Para o deputado, as apurações envolvendo Bolsonaro não devem respingar na sua possível candidatura à Prefeitura. “Investigações não tornam o apoio de Bolsonaro tóxico, ele tem sido perseguido”, afirmou.

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Na avaliação de Salles, os fatos divulgados até o momento mostram que o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, era “o único com interesse” em fraudar o documento. Cid está preso preventivamente desde o dia 3 de maio.

“Pela narrativa que está na imprensa, se for verdade, o único que tinha interesse em ter cartão de vacina para entrar (nos Estados Unidos), a si próprio e a família, era o ajudante de ordens”, afirmou, ao ser questionado sobre a possibilidade de Mauro Cid ter liderado um esquema criminoso sem participação do ex-presidente.

Pela narrativa que está na imprensa, se for verdade, o único que tinha interesse em ter cartão de vacina para entrar (nos Estados Unidos), a si próprio e a família, era o ajudante de ordens (Mauro Cid)

Ricardo Salles (PL), deputado federal

Bolsonaro e Cid são investigados pela Polícia Federal por suspeita de falsificação de certificados de vacina contra covid-19. O ex-presidente foi alvo de busca e apreensão no âmbito da operação Ventire, que apura o suposto esquema e teve seu celular apreendido.

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