Ovacionado na CNA, Bolsonaro critica Lula e volta a chamar manifesto pela democracia de ‘cartinha’

Presidente é recebido em clima de comício em evento da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

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Foto do author Iander Porcella
Atualização:

Acompanhado de ministros, representantes das Forças Armadas e do agronegócio, o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, foi recebido nesta quarta-feira, 10, em clima de comício em evento da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). No discurso, Bolsonaro fez uma sinalização ao setor ao criticar trecho do plano de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, segundo ele, mencionava a regulação da produção agrícola. 

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“O cara já retirou do programa de governo dele. Malandro como sempre, sem caráter, bêbado que quer dirigir o Brasil”, disse, diante de uma plateia de cerca de 3,5 mil produtores rurais, a maioria vestida de verde e amarelo. Bolsonaro repetiu que questionou aos banqueiros em reunião recente na Febraban se aceitariam um funcionário que os roubou oito anos depois para trabalhar com eles novamente. “É óbvio que não (empregariam de novo). O Brasil é uma Ferrari ou melhor que isso. Se botar uma pessoa com certos vícios para pilotar a Ferrari, ela vai capotar na primeira curva. O Brasil só não capotou porque é muito grande”, afirmou.

O presidente disse ainda que o Brasil foi “assaltado” por catorze anos. “Está aqui o presidente da Petrobras e já vimos melhoras, mas ela ao longo de catorze anos foi endividada em R$ 900 bilhões, fruto de corrupção, roubalheira e loteamento político de diretorias. Algo semelhante (ocorreu) no BNDES com empréstimos a ditaduras”, afirmou. 

Jair Bolsonaro (PL) em pronunciamento na abertura do Encontro Nacional do Agro, promovido pela CNA em Brasília nesta quarta-feira, 10 Foto: Divulgação/CNA

Bolsonaro voltou a se referir como “cartinha” o manifesto em defesa da democracia, assinado por mais de 800 mil pessoas da sociedade civil. A carta será lida nesta quinta-feira, 11, no Largo de São Francisco, em frente à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no centro da capital paulista. Ao abordar o assunto, fez nova crítica a Lula, desta vez velada. “Vimos agora há pouco uma cartinha em defesa da democracia. Olha quem assinou por último: o cara que vive ou vivia de amores com Fidel Castro, Hugo Chávez, Nicolas Maduro, Evo Morales e Néstor Kirchner. Em época de campanha, pessoal vira bonzinho”, afirmou Bolsonaro, citando os ex-governantes de Cuba, Venezuela, Bolívia, Argentina e o atual presidente venezuelano, todos de partidos de esquerda.

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Bolsonaro estava acompanhado dos ministros da Agricultura, Marcos Montes; do secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência, Almirante Rocha; do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite; do ministro da Justiça, Anderson Torres; do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; do ex-ministro e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, Walter Braga Netto (PL); e do presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade.

O evento marcou uma mudança de posição da CNA. Até então, a entidade, que representa 5 milhões de produtores rurais, se dizia “apolítica e apartidária” institucionalmente. Mas o discurso do presidente da CNA, João Martins, foi lido pelo setor como apoio explícito à reeleição de Bolsonaro. Ele endossou as ações do governo e fez críticas indiretas ao PT e a Lula, sem citá-lo nominalmente.

“Os senhores sinalizaram bem claro que não há mais espaço neste País para retorno de uma equipe corrupta e incompetente. E, muito menos, do retorno de um candidato que foi processado e preso como ladrão. É essa a disposição desse pessoal”, disse Martins aos produtores rurais. “Precisamos eleger um presidente que dê continuidade às reformas. Precisamos ser intervenientes neste processo eleitoral.”

O presidente tem procurado estreitar ainda mais os laços com o agronegócio, num momento em que Lula recebe apoio de algumas lideranças do setor. O petista conseguiu atrair para sua candidatura o deputado federal Neri Geller (PP-MT), o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) e o ex-ministro Blairo Maggi. A ponte é feita pelo candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB).

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