BRASÍLIA - No mesmo dia em que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) divulgou nota para explicar a suspensão da entrega de títulos de propriedade, o presidente Jair Bolsonaro, ao criticar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), disse que a concessão desses certificados faz com que os assentados fiquem do lado do governo. A autarquia alegou falta de recursos do Orçamento para paralisar atividades que envolvam deslocamento para eventos.
“Nós, desde o começo (do governo), tivemos uma política firme contra as ações das lideranças do MST, quando começamos a titular terras pelo Brasil. O integrante do MST, o assentado, ao receber um título de propriedade, passou a ser um cidadão e ficou do nosso lado”, afirmou Bolsonaro, durante ato político do PL, em Goiás, do qual participou por videoconferência. “Quando estava do outro lado, ele era obrigado a seguir orientações de João Pedro Stédile, entre outros marginais. E hoje em dia, ao receber o título de terra, passou para o lado do bem e é parceiro do fazendeiro. Tanto é verdade que as invasões de terra, praticamente, não se tem mais”, emendou o presidente.
O ato do PL foi organizado pelo deputado Major Vitor Hugo (GO), pré-candidato de Bolsonaro ao governo de Goiás, e contou com a participação do presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto. O chefe do Executivo endossou o nome de Vitor Hugo e voltou a criticar os governadores pelas medidas tomadas durante a pandemia de covid-19, que tinham o objetivo de frear a disseminação do coronavírus por meio de restrições para a circulação de pessoas.
“Não podemos esquecer o que alguns governadores pelo Brasil fizeram, contra o seu povo, por ocasião da pandemia. A política do fecha tudo foi um baque na nossa economia, não salvou vidas”, disse Bolsonaro. O presidente chegou a chamar as medidas de isolamento social de “ditadura na pandemia”. Em 2020, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), até então ferrenho apoiador de Bolsonaro, criticou a postura negacionista do presidente.
Em seu discurso no evento do PL hoje, Bolsonaro também defendeu o porte de arma de fogo, com a frase “homem armado jamais será escravizado”, e exaltou o fato de seu governo não ter demarcado terras indígenas. Ao defender a candidatura de Vitor Hugo ao governo de Goiás, contra Caiado, o presidente disse que o deputado, se eleito, vai combater o crime e colaborar na “manutenção dos valores tradicionais”. Num aceno ao eleitorado religioso e conservador, disse que Vitor Hugo é contra o aborto.
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