Brasília - O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirmou nesta terça-feira, 9, em discurso na Câmara Federal, que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) "porque ela não merece". A declaração do parlamentar carioca provocou imediata reação da líder do PCdoB na Casa, Jandira Feghali (RJ), informou que seu partido vai representar contra o parlamentar.
"Ele (Bolsonaro) já se reconhece como torturador e agora se auto-reconhece como estuprador", afirmou Jandira. Segundo ela, o PCdoB estuda se ingressará com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) ou se representará contra ele no Conselho de Ética da Câmara. Em reunião da bancada nesta tarde, deputados do PT também discutiram medidas judiciais e regimentais contra o parlamentar.
Bolsonaro ofendeu Rosário depois que ela, ex-ministra dos Direitos Humanos, fez um pronunciamento ressaltando a importância da Comissão Nacional da Verdade - que investiga crimes políticos realizados durante a ditadura militar no País.
O deputado do PP subiu então à tribuna. "Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Há poucos dias você me chamou de estuprador no Salão Verde (área da Câmara ao lado do Plenário) e eu falei que eu não a estuprava porque você não merece. Fique aqui para ouvir", disse. Ele também chamou Maria do Rosário de "mentirosa, deslavada e covarde" e classificou o governo do PT de "comunista, imoral e ladrão". "Parabéns aos vagabundos do Brasil que estão sob o guarda-chuva da Comissão de Direitos Humanos da deputada Maria do Rosário", concluiu.
Jandira Feghali reagiu a Bolsonaro e disse que o Congresso tem vivido situações em que as mulheres são agredidas. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), também criticou Bolsonaro e disse que a Câmara "não pode ter esse tipo de comportamento".
Maria do Rosário (PT-RS) reagiu emocionada. "Já fui agredida além da conta. Não aceitarei que talvez palavras que ele usava em algum lugar da tortura, porque essas ameaças são típicas de quem fala em tortura. Não aceito que isso seja dito contra mim ou contra qualquer mulher", afirmou durante intervalo da reunião da bancada do PT na Câmara. (Ricardo Della Coletta, Daiene Cardoso, Bernardo Caram e Bruno Nogueirão)
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