Bolsonaro diz na Bahia que é ‘inadmissível’ governadores do Nordeste tentarem barrar teto do ICMS

Presidente discursou para apoiadores em frente ao farol da Barra, em Salvador, antes de comandar uma motociata; de tarde, participou de evento evangélico no Rio e disse que PT quer liberar o aborto

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Foto do author Renato Vasconcelos
Foto do author Iander Porcella
Atualização:

O presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou como “inadmissível” a adesão de governadores do Nordeste a uma contestação judicial que busca impedir a redução do teto do ICMS de combustíveis apoiado pelo governo federal. A crítica de Bolsonaro foi feita durante um discurso a apoiadores em Salvador, onde participou na manhã deste sábado dos festejos da Independência do Brasil, comemorada na Bahia em 2 de julho.

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“Lamento que os nove governadores do Nordeste tenham entrado na Justiça contra a redução de impostos na gasolina. Isso é inadmissível. Um partido, uma região do nosso País que os governadores dizem que ajudam os mais pobres, mas quando chega a hora, fazem exatamente o contrário”, afirmou Bolsonaro aos apoiadores, que se reuniram em frente ao Farol da Barra, um dos cartões-postais da capital baiana.

Além de Bolsonaro, outros três pré-candidatos ao Palácio do Planalto também estiveram na celebração da Independência do Brasil na Bahia. Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) marcaram presença na Caminhada do Largo da Lapinha, enquanto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de um ato com apoiadores na Arena Fonte Nova.

Bolsonaro ainda prometeu que, caso a Justiça não aceite a ação dos governadores, o Brasil terá “um dos combustíveis mais baratos do mundo”.

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Vamos acreditar que a Justiça não dará ganho de causa a essas pessoas, e nós teremos, brevemente, assim como eu já baixei ou zerei a maioria dos impostos federais, teremos um dos combustíveis mais baratos do mundo

Jair Bolsonaro, presidente da República

Governadores de 11 Estados e do Distrito Federal protocolaram uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) com pedido de liminar contra a lei 194 aprovada pelo Congresso e sancionada no fim de junho pelo chefe do Executivo, que considera combustíveis, telecomunicações, energia elétrica e transporte coletivo bens essenciais, limitando a cobrança do ICMS a um teto máximo entre 17% e 18%.

Bolsonaro tem reiterado e intensificado os ataques aos governadores da região, que são contrários à limitação da alíquota. Os Estados argumentam que o ICMS não é o vilão da alta dos combustíveis e avaliam que o teto vai provocar perda de arrecadação, provocando redução de investimentos em áreas básicas, como saúde e educação.

Além dos governadores dos nove Estados do Nordeste, assinam a ação os governadores do DF, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, que argumentam que a lei representa um intervencionismo sem precedentes da União nos demais entes subnacionais, por meio de desonerações tributárias.

A presença de Bolsonaro no Estado foi criticada pela oposição. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o presidente está “desesperado” por votos e afirmou que a motociata da qual Bolsonaro participou foi “ridícula”, em referência ao número de participantes. “Não vamos achar que eles vão fazer pouco. Bolsonaro está desesperado, está fazendo um monte de coisa. Inclusive, agora, dando benefício para o povo brasileiro. Coisa que ele não deu em três anos e meio, ele quer fazer agora, achando que pode enganar o povo”, afirmou Gleisi.

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O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), pré-candidato a vice na chapa de Lula ao Palácio do Planalto, disse que uma eventual vitória do petista na eleição de outubro seria a “partida dos tiranos”, em referência a Bolsonaro. “Nós vivemos hoje no Brasil o mais cruel e desastroso governo da história. Triste período”, emendou Alckmin, que voltou a criticar a postura de Bolsonaro durante a pandemia de covid-19.

Já o ex-presidente Lula disse ter certeza de que as Forças Armadas “estarão do lado do povo”. O petista ainda afirmou que é preciso superar o autoritarismo e declarou, em referência à eleição de outubro, que o País não vai tolerar “ameaças” ou “tutela” sobre as instituições que representam o voto popular.

Motociata e culto

Depois de discursar a apoiadores, Bolsonaro seguiu para uma motociata com os apoiadores pela orla de Salvador. O presidente estava acompanhado pelo deputado federal e ex-ministro da Cidadania João Roma (PL-BA), pré-candidato ao governo da Bahia. Na sexta-feira, 1°, os dois estiveram juntos nos municípios de Cruz das Almas, Maragogipe e Feira de Santana, onde visitaram obras em uma rodovia e participaram de outra motociata.

Presidente Jair Bolsonaro na motociata, junto com o pré-candidato ao governo baiano João Roma. Foto: Arisson Marinho/AFP

Roma também voltou suas críticas ao governador Rui Costa (PT). “Rui Costa, baixe o ICMS dos combustíveis”, gritou em discurso ao lado do chefe do Executivo. Na fala para apoiadores, Bolsonaro repetiu a narrativa de que a crise econômica atinge o mundo inteiro. “Temos um presidente diferente do que vemos lá fora. Venceremos essa missão”.

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Após cumprir agenda na Bahia, Bolsonaro seguiu para o Rio, onde participou de um evento evangélico promovido por uma emissora de rádio na Praça da Apoteose durante a tarde ao lado de pastores evangélicos que o apoiam, como Silas Malafaia.

“O Brasil enfrenta neste momento uma luta do bem contra o mal”, afirmou o presidente. “O outro lado quer legalizar o aborto, nós não queremos; o outro lado quer legalizar as drogas, nós não queremos; o outro lado quer legalizar a ideologia de gênero, nós somos contra; o outro lado quer se relacionar com países comunistas, nós não queremos; o outro lado ataca a família, nós defendemos”, seguiu Bolsonaro.

Bolsonaro ainda disse que “tentaram derrubar o governo por questões econômicas”, mas que as dificuldades nesse setor estão sendo superadas. “Estamos superando agora a questão dos combustíveis, mas muito mais importante é a questão espiritual”, anunciou, emendando então a comparação entre o que classificou como “luta entre o bem e o mal”.

Quando Bolsonaro foi anunciado, o público se dividiu entre aplausos e vaias. Ao final do discurso, que durou nove minutos, o presidente só recebeu aplausos e o coro de “mito”. Depois da fala do presidente, quem assumiu a palavra foi Malafaia, que fez um discurso exaltando o presidente.

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