Bolsonaro diz que Abin monitora Sínodo da Amazônia

Presidente afirmou ainda que existe influência política no encontro de bispos que reunirá em Roma, em outubro, bispos de todos os continentes

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Foto do author Lorenna Rodrigues

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro confirmou neste sábado, 31, que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitora o Sínodo da Amazônia, conforme revelou o Estado em fevereiro. O encontro de bispos previsto para ocorrer no mês que vem em Roma vai discutir temas ambientais e é visto com ressalvas pelo governo brasileiro.

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“Tem muita influência política lá sim”, afirmou o presidente em almoço com jornalistas na tarde deste sábado, 31, no quartel-general do Exército, em Brasília. Quando questionado sobre o monitoramento da Abin, Bolsonaro afirmou que agência monitora todos os grandes grupos.

A declaração do presidente contraria o que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) informou em fevereiro. Na ocasião, em nota divulgada à imprensa, o órgão a qual a Abin está subordinada negou que o evento fosse alvo de monitoramento.  “A Igreja Católica não é objeto de qualquer tipo de ação por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que, conforme a legislação vigente, acompanha cenários que possam comprometer a segurança da sociedade e do estado brasileiro”, diz trecho do comunicado enviado na época.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) Foto: Carolina Antunes/PR

A reportagem do Estado revelou que o Palácio do Planalto tenta conter o que considera um avanço da Igreja Católica em temas considerados agenda da esquerda, como mudanças climáticas, situação dos povos indígenas e desmatamento. Na ocasião, o alerta ao governo veio de informes da Abin e dos comandos militares, que relataram encontros de cardeais brasileiros com o Papa Francisco, no Vaticano.

Na sexta, em resposta a críticas do governo Bolsonaro, a Igreja Católica afirmou que os bispos envolvidos na organização do Sínodo da Amazônia estão sendo “criminalizados” e tratados como “inimigos da Pátria”. Em carta, religiosos rebateram avaliações de que o evento, que tem em sua pauta questões ambientais, represente alguma ameaça à “soberania nacional”, como argumenta o Palácio do Planalto e alas conservadoras do clero.

Na conversa com jornalistas, ao ser questionado se considera o papa “de esquerda”, Bolsonaro evitou responder diretamente. "Não vou arrumar confusão com os católicos. Só posso dizer que o papa é argentino", brincou. 

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