BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, 3, considerar a Procuradoria-Geral da República (PGR) um órgão fundamental do governo e fez uma analogia a um “jogo de xadrez” na República. "A dama é a PGR", disse o presidente em conversa com jornalistas nesta manhã.
A PGR, porém, é um órgão independente e não faz parte da estrutura do Executivo.
O mandato da procuradora-geral, Raquel Dodge, vai até 17 de setembro. Bolsonaro ainda não decidiu quem irá substituí-la, nem descartou a possibilidade de reconduzir Dodge ao cargo.
"Vamos imaginar um jogo de xadrez no governo? Os peões seriam, em grande parte, os ministros. A gente vê que o (Sérgio) Moro, da Justiça, é uma 'torre'. O Paulo Guedes (Economia) é o 'cavalo'. E a dama, seria quem? Qual autoridade seria a dama? Que pode ser um homem, obviamente", disse a jornalistas. Em seguida, Bolsonaro mesmo respondeu que o presidente é o "rei" e que a "dama" é a PGR. “Está dado o recado aí?", questionou.
A dama, também conhecida como "rainha", é a peça de maior valor relativo do xadrez. Ela pode ir para frente ou para trás, para direita ou para a esquerda, ou na diagonal, quantas casas quiser, mas não pode pular nenhuma outra peça. O rei movimenta-se apenas uma casa em qualquer direção.
Escolha
A escolha para a PGR tem sido tratada no Palácio do Planalto como a mais importante do mandato de Bolsonaro, mais até do que as duas vagas que terá para preencher no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em conversas reservadas, Bolsonaro tem dito que procura um perfil alinhado ao seu governo e que “não atrapalhe”, questionando suas ações na Justiça. Em entrevista ao Estado no mês passado, o presidente disse que o próximo PGR não pode ser um “xiita ambiental ou de minorias”.
Antes de ser nomeado para o cargo, o indicado por Bolsonaro terá de passar por sabatina e ser aprovado pela maioria do Senado.
Pela dificuldade do presidente de decidir um novo nome, uma das possibilidade avaliadas nos bastidores do governo é de usar o período de interinidade do subprocurador Alcides Martins como uma espécie de “teste”. Caso agrade ao Palácio do Planalto, pode ser efetivado. Caso contrário, Bolsonaro escolheria um novo nome. Martins assumirá o comando interino da Procuradoria-Geral da República porque, pela regra, a função cabe ao vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal.
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