Pelo segundo dia consecutivo, o presidente Jair Bolsonaro foi ontem alvo de protestos nas principais cidades do País. Moradores de ao menos 22 capitais fizeram panelaços contra o presidente. Marcados inicialmente para as 20h30, os atos ocorreram ao longo do dia, enquanto Bolsonaro fazia aparições públicas para falar sobre medidas de combate ao coronavírus.
Desde o início da tarde, o presidente tentou neutralizar o efeito do protesto contra seu governo. Nas redes sociais e em entrevista coletiva, Bolsonaro divulgou a existência de outro panelaço, às 21h e a favor do seu governo. Houve registros de mobilização pró-Planalto em pelo menos oito capitais.
Depois de passar dias minimizando o impacto do coronavírus, Bolsonaro tentou demonstrar que está no comando do enfrentamento da pandemia. Ao lado de oito ministros, todos usando máscaras brancas, o presidente afagou o Legislativo e o Judiciário, disse que vê um momento de “grande gravidade”, mas não admitiu ter errado quando, no domingo, foi ao encontro de apoiadores que se aglomeraram diante do Palácio do Planalto. Sua participação nos atos do dia 15 rendeu críticas de políticos e médicos.
Auxiliares do Planalto disseram que o saldo do dia foi negativo. Os panelaços foram vistos internamente como consequência de um “erro político” de Bolsonaro na condução da crise. A avaliação é de que o presidente demorou a reconhecer o problema e passou a impressão de que foi contra o sentimento da maioria da população.
Foram registrados panelaços em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Vitória, Belo Horizonte, Porto Alegre, Maceió, Natal, São Luís, João Pessoa, Fortaleza, Recife, Belém, Florianópolis, Goiânia, Natal, Aracaju, Teresina, Curitiba, Palmas e Boa Vista.
Antes que as manifestações ocorressem, Bolsonaro classificou o panelaço como um movimento “espontâneo” e uma “expressão da democracia”. Lembrou que também haveria manifestação a favor do governo. Os atos foram registrados em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Salvador, Belo Horizonte, Florianópolis e Maceió. “Qualquer movimento por parte da população, eu encaro como expressão da democracia”, afirmou o presidente.
Embora tenha moderado o discurso, Bolsonaro afirmou ontem que não descartava pegar “um metrô lotado em São Paulo” ou uma “barca no Rio de Janeiro”, na travessia até Niterói, para mostrar que está “ao lado do povo.” O Ministério da Saúde recomenda, no entanto, que as pessoas evitem aglomerações para não se contaminar. “Não é demagogia ou populismo, (mas, sim) demonstração de que estou ao lado do povo na alegria e na tristeza”, afirmou.
São Paulo (SP)
Aos gritos de “Fora, Bolsonaro”, manifestantes bateram panela dentro de casa em pelo menos 10 bairros da capital paulista: Vila Romana, Barra Funda, Butantã, Santo Amaro, Aclimação, Cambuci, Jardins, Higienópolis, Alto da Santana e Morumbi. O panelaço durou pelo menos meia hora e se intensificou às 20h30.
O panelaço anti-Bolsonaro foi mobilizado via redes sociais em substituição às manifestações de rua que foram canceladas por conta do novo coronavírus. A hashtag (palavra-chave) #ForaBolsonaros era o tópico mais comentado do Twitter no Brasil no momento da manifestação, seguido por #panelaco18M e #PanelacoContraAEsquerda.
Na Vila Romana, zona oeste da capital, também houve som do hino aos gritos de "mito" e "fora Mandetta". Porém, a mobilização contou com menos pessoas e durou menos tempo do que o panelaço contra o presidente. No Butantã, bairro que registrou panelaço contra Bolsonaro, quase não é possível ouvir barulho de manifestantes a favor do governo.
Pelo segundo dia seguido, moradores da região da Consolação e Baixo Augusta, em São Paulo, fazem panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro. Das janelas, gritam 'Fora Bolsonaro' e apitam em protesto.
Rio de Janeiro (RJ)
No Rio, o panelaço e os gritos de protesto começaram parte na tarde desta quarta-feira durante a entrevista coletiva, em Brasília, do presidente Bolsonaro e de alguns ministros sobre a pandemia do Covid-19. Enquanto as declarações eram transmitidas pela televisão, houve manifestações pelo menos nos bairros da Lagoa, Leme, Laranjeiras, Cosme Velho e Flamengo. “Fora Bolsonaro” e “canalha” foram algumas das palavras gritadas pelos manifestantes, das janelas dos prédios.
Os protestos na cidade foram retomados depois, quando Bolsonaro voltou a se pronunciar, à noite. Houve panelaços em Flamengo, Botafogo, Laranjeiras, Copacabana, Ipanema, e Glória, na zona sul, e no Grajaú, na zona norte da capital. Em Niterói, do outro lado da Baía de Guanabara, também foi possível ouvir o bater de panelas. Em todos, houve gritos de “Fora” dirigidos ao presidente.
Salvador (BA)
Em Salvador, foram registrados apitaços e panelaços contra o presidente Jair Bolsonaro em várias regiões em dois momentos: às 19h30 e 20h. As manifestações ocorreram tanto em bairros populares quanto nos de classes média e alta. O panelaço durou de 5 até 8 minutos em algumas regiões.
Gritos de “Fora Bolsonaro”, “Fora Fascista” e “Fora Bozo” foram registrados em vídeos feitos pela população e compartilhados por WhatsApp e outras redes sociais. Em bairros mais centrais como Gamboa, Federação, Campo Grande houve panelaço. Em bairros próximos à orla marítima da capital como Barra (onde normalmente ocorrem manifestações pró-Bolsonao), Corredor da Vitória, Graça, Pituba, Candeal, Rio Vermelho, Caminho das Árvores, Itaigara e Jardim Apipema registraram apitaços e panelaços.
Porto Alegre (RS)
Em Porto Alegre, o panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro também foi registrado de Norte a Sul da cidade, inclusive em bairros com maior poder aquisitivo como Auxiliadora, Menino Deus, Bom Fim, entre outros. Nas ruas, motoristas também promoveram buzinaços pelas vias da capital gaúcha em áreas consideradas de reduto bolsonarista.
Belo Horizonte (MG)
Na capital mineira, panelaços e gritos de "fora Bolsonaro" foram registrados a partir das 20h. No bairro Serra, na Zona Sul de Belo Horizonte, região de classe média alta da cidade, o protesto foi intenso. Houve ainda gritos de "incompetente" e buzinaço. Alguns usavam apitos.
Houve panelaço também em bairros como Sion, Cruzeiro e Santo Antonio, também na Zona Sul, e Dona Clara, na Zona Norte da capital, e Buritis, na região Oeste. Às 20h30, nova onda de panelaços foi registrada. Nas redes sociais, ao longo do dia, houve compartilhamento de mensagens chamando para os panelaços às 20h e às 20h30.
Vitória (ES)
Em Vitória, o som de panelas foi ouvido na Praia do Canto e Jardim Camburi. Já em Jardim da Penha e no Centro Histórico, fogos de artifício foram lançados, seguido de gritos pedindo "Fora Bolsonaro".
Em Vila Velha, os mesmos gritos foram na Praia da Costa, bairro nobre da cidade. No sul do Estado, também houve manifestação contrária ao governo em bairros de Cachoeiro de Itapemirim.
Maceió (AL)
Em Maceió, o protesto começou por volta das 20h15, logo após os primeiros vídeos dos atos pelo Brasil serem postados no Twitter. A grande concentração de pessoas que aderiram ao panelaço foi nos bairros de Ponta Verde e Jatiúca, área nobre da capital e mesma região em que os moradores bateram panelas contra os ex-presidentes Dilma Rousseff, em 2015 e 2016, e Michel Temer, em 2018. Mas nesta quarta, também foi registrado protesto em bairros mais afastados da orla. Das janelas e varandas dos apartamentos, foi possível ouvir gritos de "fora, Bolsonaro". O barulho durou até por volta das 20h.
João Pessoa (PB)
Em João Pessoa, nos bairros de Tambaú, Manaíra, Bessa, Bancários tem registros de panelaço durante o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro. Com gritos de “Fora, Bolsonaro” e “Fora, Mito”, as pessoas gritam nas janelas dos apartamentos.
São Luís (MA)
Em São Luís, o panelaço contra Bolsonaro começou antes do previsto em várias partes da capital maranhense. Na principal área nobre - a península da Ponta d'Areia - se iniciou às 20h23, porém os gritos eram de “fora Sarney” ao invés de “Fora Bolsonaro”.
Fortaleza (CE)
Em Fortaleza, há relatos de panelaço em vários bairros, como Mucuripe, próximo à praia de Iracema, ponto turístico da capital, Papicu, Bairro de Fátima e Cocó. Das sacadas dos apartamentos, fortalezenses utilizaram cornetas, além das panelas, para manifestar contra o governo de Jair Bolsonaro.
Recife (PE)
No Recife, o panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro começou às 20h e se estendeu até às 20h40. Em bairros como Madalena e Parnamirim, na Zona Norte; no Pina e em Boa Viagem, na Zona Sul, e na Várzea, na Zona Oeste, o som das panelas se somou a gritos de "fora, Bolsonaro", em alusão ao pedido de impeachment do político, protocolado na Câmara na última terça-feira, 17.
Belém (PA)
O panelaço contra Bolsonaro também foi registrado na noite desta quarta-feira (18), em Belém, na capital paraense. Iniciado às 20h, teve intervalos, retornando às 20h30, e encerrando logo depois. Alguns moradores gritavam “Fora”, outros “Fora Bolsonaro”. Em vídeo enviado por uma moradora do bairro do Jurunas, considerado um dos mais populosos da cidade, é possível ouvir a manifestação das pessoas dentro de suas casas e prédios contra o atual presidente do Brasil. O panelaço ocorreu em vários outros bairros da capital, como Batista Campos, Marco, Reduto, Val de Cans, Pedreira, Umarizal e Souza.
Florianópolis (SC)
Panelaço registrado em diversas regiões de Florianópolis na noite desta quarta-feira, 18. No centro, nos prédios nas imediações da avenida Hercílio Luz, pessoas gritaram ‘Fora, Bolsonaro’ e‘Tchau, milícia’. Também foram registradas manifestações no Campeche, Prainha, Trindade, Norte da Ilha e outros bairros.
Goiânia (GO)
O panelaço em Goiânia contra o presidente Jair Bolsonaro começou minutos antes do horário previsto. Por volta de 20:10 hs, houve registro de protestos em pelo menos 20 bairros de diferentes regiões da capital. A manifestação estava marcada para 20h30. Além de bater panelas, várias pessoas ainda gritaram “Fora, Bolsonaro”. Registros foram feitos no Centro, setor Oeste, Leste Universitário, Jardim Goiás, Bueno, Eldorado, setor Negrão de Lima, Alto da Glória, Vila Alpes, Setor Sul, Bela Vista e Serrinha. Em bairros mais afastados do centro da cidade, o protesto foi registrado no horário previstos.
Natal (RN)
Em Natal, o silêncio das ruas vazias em decorrência do fechamento mais cedo dos shoppings, suspensão das aulas em universidades e academias de ginástica, ecoou o batido das panelas em diversos bairros das zonas Leste e Sul. Em bairros como Petrópolis e Tirol, na zona Leste, as panelas foram batidas nas varandas dos prédios. Em Neópolis, na zona Sul, homens e mulheres saíram às ruas com panelas nas mãos e fizeram o protesto.
Aracaju (SE)
Em Aracaju, houve várias manifestações contra Jair Bolsonaro, a exemplo do que ocorreu no bairro Alameda das Árvores, na zona sul da capital. A maioria gritava "Fora, Bolsonaro", outros o chamavam de "ladrão". Também houve panelaço nos bairros 13 de Julho, Luzia e Salgado Filho, todos na zona sul.
Teresina (PI)
O panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) também foi ouvido em Teresina (PI), na noite desta quarta-feira (18). Prédios de bairros como Cristo Rei, Morada do Sol, Horto, Bairro dos Noivos, Jóquei e Ininga tiveram moradores protestando. Além das panelas, vários gritos de“fora, Bolsonaro!” e “ele não” foram ouvidos na capital piauiense.
Curitiba (PR)
A capital paranaense registrou um panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro na noite desta quarta-feira (18). A mobilização aconteceu em diversos pontos da capital, conforme registrado em várias imagens pelas redes sociais.
Palmas (TO)
Em Palmas, os gritos de “Fora, Bolsonaro” e o barulho das panelas ecoaram em diversas quadras da região central da Capital bem antes do horário combinado, de 20h30 e duraram pouco menos de cinco minutos.
Boa Vista (RR)
Em Boavista, também teve registro de panelaço, apesar de pequeno. Vivendo um dia agitado por conta do fechamento da fronteira, os manifestantes em sua maioria usaram aplicativos de celular para fazer o barulho das panelas batendo, mas teve quem usou panela de verdade dentro de casa para protestar contra as posições do governo federal. /JUSSARA SOARES, JULIA LINDNER, ANDRÉ BORGES, DANIEL WETERMAN, PAULA REVERBEL, PEDRO VENCESLAU, TIAGO AGUIAR, BIANCA GOMES E WILSON TOSTA E REGINA BOCHICCHIO, LUCAS RIVAS, LEONARDO AUGUSTO, DEBORAH FREIRE, MATHEUS BRUM, JANAÍNA ARAÚJO, ERNESTO ARAÚJO, LÔRRANE MENDONÇA, VINÍCIUS BRITO, NATÁLIA MELLO, FÁBIO BISPO, SAMUEL STRAIOTO, RICARDO ARAÚJO, ANTONIO CARLOS GARCIA, THAÍS ARAÚJO, JULIO CESAR LIMA, LAILTON COSTA E CYNEIDA CORREIA ESPECIAIS PARA O ESTADO
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