Bolsonaro e seus filhos abrigaram familiares em seus gabinetes

Parentes da segunda ex-mulher do presidente, Ana Cristina Siqueira Valle, estão sob investigação; líder do governo na Câmara defendeu nepotismo

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Por Redação
Atualização:

RIO – Desde o início da sua carreira, o presidente Jair Bolsonaro – e depois dois de seus filhos que foram para a vida pública – empregaram integrantes da família e parentes entre si em seus gabinetes. Embora o presidente não seja investigado, algumas dessas contratações, nas assessorias do senador Flávio Bolsonaro (quando era deputado estadual) e do vereador Carlos Bolsonaro (ambos do Republicanos), são alvos do Ministério Público do Rio.

O MP quer saber se escondem rachadinha. Trata-se do repasse de salários aos parlamentares. Parentes da segunda ex-mulher de Jair, Ana Cristina Siqueira Valle, estão sob investigação. Alguns passaram primeiro pela assessoria do presidente, quandoera deputado federal. Mas não há nenhuma apuração em curso a respeito disso. 

Os irmãos Carlos (à esq.) e Flávio Bolsonaro, filhos mais velhos do presidente da República Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Flávio, o filho mais velho do presidente, foi denunciado à Justiça do Rio. As acusações são peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. No gabinete dele quando era deputado estadual no Rio, nove parentes de Ana Cristina foram assessores. Antes, assessoraram Jair Bolsonaro, pela Câmara dos Deputados.Alguns foram para o Legislativo fluminense a partir de 2003. Foi quando Flávio tornou-se deputado na Assembleia do Rio. Aí, supostamente, ocorreria a rachadinha. Todos são de Resende, no sul do Estado. A cidade fica a mais de 160 quilômetros da capital. Aí fica asede do Legislativo estadual.

Entre os investigados nesse caso, também estão o PM da reserva Fabrício José Carlos de Queiroz, sua mulher Marcia Oliveira e duas filhas de Queiroz, Nathalia e Evelyn. Os quatro eram assessores de Flávio. A investigação foi aberta depois que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em Relatório de Inteligência Financeira, apontou movimentações financeiras suspeitas de Queiroz e assessores. Há indícios de que o dinheiro dos salários era desviado.

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Parentes de Ana Cristina também foram assessores de Carlos Bolsonaro (Republicanos) na Câmara Municipal do Rio. Ela foi sua chefe de gabinete. Na época, vivia em união estável com o pai do vereador. Esse período é alvo de outra apuração do MP. Mas ainda não há denúncia. O processo de Flávio está no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio. O Supremo Tribunal Federal ainda vai decidir se prossegue nessa instância, como quer o senador. Outra opção é que volte para a 27ª Vara Criminal, onde começou.

Os Bolsonaros negam as acusações. Atribuem-nas a suposta perseguição política.

Outro caso. Em Magé, na Baixada Fluminense, o prefeito Renato Cozzolino (Progressistas), eleito em 2020 com a irmã Jamille Cozzolino como vice, transformou a gestão municipal em administração familiar. Nomeou sete familiares secretários. Isso é pouco mais de um terço das 17 secretarias. Alista inclui: a própria Jamille (Cultura); Lara Adario Torres, noiva do prefeito, (Assistência Social e Direitos Humanos); Fernando José Assunção Cozzolino, primo dele (Trabalho e Renda); Vinícius Cozzolino Abrahão, também primo (Governo); Mauro Raphael Cozzolino Nascimento, outro primo (Fazenda); Felipe Menezes de Souza, cunhado (Esporte, Turismo, Lazer e Terceira Idade); Samyr Hard, tio (Infraestrutura). Não há acusação de desvio.

Quando questionado, no início do ano, o prefeito negou irregularidades. A prefeitura afirmou por nota que os familiares do prefeito foram contratados por competência. Ele disse à TV Globo que os laços de parentesco são "coincidência".

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