BRASÍLIA – O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub afirmou que, quando estava no cargo, recebeu ordem direta do presidente Jair Bolsonaro para dar o controle do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) ao Centrão. Em entrevista à CNN Brasil, Weintraub disse que tentou protelar a entrega, mas teve que ceder. O FNDE está no epicentro das denúncias de cobrança de propina por pastores, realização de licitação de ônibus escolares com indicação de preços inflados e destinação de recursos para ‘escolas fakes’, como mostrou o Estadão.
“Meu chefe, ele falou: ‘você vai ter que entregar o FNDE para o Centrão’. Falei: ‘presidente, não faça isso’”, disse o ex-ministro na entrevista. Em resposta, Weintraub disse que Bolsonaro justificou: “Preciso”. O presidente do FNDE, Marcelo Ponte, foi chefe de gabinete do atual ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, um dos líderes no Centrão.
O ex-ministro atribuiu a adesão do Centrão ao governo federal a plano traçado pelo então ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, atual secretário-geral da Presidência da República.
“Fiquei adiando o máximo que podia (a entrega ao Centrão). Subi as regras de governança do processo decisório do FNDE. Tentei fazer um board para um FNDE não se reportasse só ao ministro da Educação, se reportasse também ao da Economia e da Casa Civil que era o Braga Netto. Mas o Braga Netto não quis. Aí chegou o general Ramos, que começou com essa estratégia, que considero muito equivocada, de colocar o Centrão para dentro do governo”, disse o ex-ministro. “Ele (Ramos) começou a trazer essa turma para dentro, e convenceu o presidente e a partir daí a gente foi expulso, os conservadores foram expulsos”.
Na entrevista à CNN, Weintraub, que se lançou candidato ao governo de São Paulo, disse não acredita que o presidente Jair Bolsonaro esteja envolvido em irregularidades cometidas no FNDE, mas disse que o fundo está ocupado por “pessoas erradas”. “Não acho que o presidente está envolvido nisso, mas ele deixou entrar gente errada dentro do governo. E essas pessoas erradas, que aprontaram no passado, acho que tem uma probabilidade alta de terem aprontado de novo”, afirmou.
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