BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro terá de fazer um novo teste de coronavírus nos próximos dias e, até lá, ficar em isolamento, como antecipou o estadao.com.br. O presidente afirmou pelas redes sociais não ter sido diagnosticado com a doença. Um pouco antes, a emissora de TV americana Fox News informou que um primeiro exame teria dado positivo, creditando a informação ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (sem partido-SP). Depois, ele negou ter dado a informação. O Estado pediu, oficialmente, cópia do resultado à Presidência, que não a havia fornecido até a publicação deste texto.
Segundo médicos da equipe que acompanha o presidente, as medidas fazem parte dos protocolos internacionais de combate ao novo coronavírus e serão necessárias pelo tempo que Bolsonaro passou ao lado do secretário da Comunicação, Fabio Wajngarten, diagnosticado com a doença na quinta-feira. O auxiliar fez parte da comitiva que acompanhou o presidente em viagem aos Estados Unidos.
Bolsonaro deve ficar em quarentena até começo da próxima semana
A quarentena do presidente deve durar até o começo da próxima semana para que se cumpra um prazo mínimo de sete dias após o último contato com a doença, segundo informou um integrante da equipe médica ao Estado, em caráter reservado. O último encontro de Bolsonaro com Wajngarten foi na madrugada de quarta-feira, quando retornaram ao Brasil.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que o tempo de incubação do vírus é de 14 dias. Em fevereiro, quando brasileiros foram repatriados da China por causa do coronavírus, todos tiveram que ficar em isolamento por 14 dias mesmo após os testes darem negativo. O grupo precisou refazer os exames a cada três dias.
O novo procedimento foi discutido entre os profissionais da saúde que prestam serviço à Presidência na tarde desta sexta-feira, 13 . Antes da nova orientação para seguir em isolamento, Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada e foi despachar no Planalto, onde ficou por cerca de 1h30. Segundo auxiliares, o presidente decidiu voltar ao trabalho tão logo recebeu o resultado, por volta de meio-dia, de que o teste para o coronavírus havia dado negativo. Bolsonaro não apresenta sintomas, segundo pessoas que estiveram com ele.
Ao deixar o Alvorada, o presidente parou para falar com alguns apoiadores em frente à residência oficial, mas tomou precauções. “Apesar de meu teste ter dado negativo, não vou apertar a mão de vocês”, disse, sem se aproximar da grade. Apesar da recomendação médica, auxiliares temem que Bolsonaro queira cumprir agendas externas no fim de semana.
Os demais integrantes da comitiva que acompanhou Bolsonaro nos Estados Unidos também deverão passar por novos testes para que seja descartada qualquer possibilidade de vírus. A maioria deles voltou de viagem no mesmo voo de nove horas usado por Wajngarten, mas não foi diagnosticada com a doença nos primeiros exames. O presidente estava em uma ala separada da aeronave, sem contato direto com o secretário.
A advogada Karina Kufa, que esteve com a comitiva brasileira em Miami, mas voltou ao Brasil em voo separado, foi diagnosticada com a doença ontem. Ao noticiar o resultado negativo de seu exame, Bolsonaro voltou a atacar a imprensa. “HFA/SABIN atestam negativo para o COVID-19”, postou o próprio presidente nas suas redes sociais, acompanhado de uma foto em que aparece fazendo um gesto de “banana” em direção a jornalistas.
No final da tarde, em transmissão ao vivo no Facebook, Eduardo disse que não falou com ninguém da Fox News. “Gosto muito da Fox, assisto, sigo nas redes sociais. Mas deram uma ‘barrigada’”, afirmou o deputado, usando o jargão jornalístico para notícia errada.
Exame deve ser refeito após 12 dias, diz infectologista
O paciente que não apresenta sintomas de coronavírus e já recebeu um resultado negativo deve continuar em quarentena se o contato com a pessoa infectada tiver ocorrido há menos de 12 dias, disse o infectologista Celso Granato, diretor clínico do laboratório Fleury. Para ter certeza do resultado, é recomendado fazer o teste novamente após o período de incubação do vírus.
No Brasil, três laboratórios estão credenciados para testes de coronavírus, mas o exame pode ser feito em outros hospitais. Segundo Granato, se o resultado der positivo, no entanto, deve ser validado pela rede credenciada. (COLABOROU BIANCA GOMES)
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