RIO – Após ficar inelegível por oito anos por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira, 3, que “está na UTI”, mas que “não morreu ainda”. Em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, Bolsonaro diz que “não tem um nome conhecido no Brasil” capaz de fazer o que ele fez em quatro anos.
“Eu estou na UTI. Não morri ainda. Não é justo alguém já querer dividir o meu espólio”, disse.
A saída compulsória de Bolsonaro da disputa eleitoral até 2030 provocou uma reviravolta no cenário político. Aliados buscam na direita e na centro-direita nomes capazes de aglutinar o eleitorado bolsonarista. Ao ser questionado quais nomes poderiam substituí-lo nas próximas eleições, o ex-presidente desconversou: “Vamos espera um pouco mais”.
“Não tem um nome conhecido no Brasil todo para fazer o que eu fiz nesses quatro anos. Veja o Tarcísio em São Paulo: ele é carioca, torcedor do Flamengo e governador em São Paulo. O Zema não se elegeu comigo apoiando ele. Outros bons nomes apareceram, mas vamos esperar um pouco mais”, afirmou Bolsonaro.
O ex-presidente afirmou ainda que “está tranquilo” após o resultado no TSE e que “dói ser chamado de mentiroso” pelo ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, presidente da Corte eleitoral.
“Tranquilo. Por ocasião da votação que perdi por cinco a dois, acabei sendo inelegível. O último voto foi do senhor Alexandre de Moraes. E por quatro ou cinco vezes após ele ler uma frase que seria minha, ele me chama de mentiroso. Isso dói no coração da gente, ser chamado de mentiroso”, disse.
‘X-9 de sindicato, democrata, jamais’
Diferentemente de entrevistas anteriores, Bolsonaro criticou o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ex-chefe do Executivo acusou o petista de não ser democrata e disse que ele “agora bate no peito por orgulho de ser comunista”.
“O Lula agora bate no perto por orgulho de ser comunista. Nós sempre, historicamente, combatemos a família, os valores… faltou ele falar sobre a propriedade privada”, afirmou Bolsonaro. Ele retomou as críticas ao comentar as recentes declarações de Lula com relativização da ditadura venezuelana: “Lula pousar de democrata com esse tipo de amizade que ele tem. Não é de agora. É desde lá de trás quando ele chefiava sindicatos por aí. Era o X-9 dos sindicatos. Democrata, jamais. Não tem competência para o governo”.
Eleições em SP e RJ
Bolsonaro declarou que “é possível conversar com (Ricardo) Nunes” e que há uma “tendência” em apoiar a reeleição do prefeito de São Paulo na eleição municipal de 2024. O ex-presidente disse que ainda não está batido o martelo e que irá negociar um nome para barrar uma eventual candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
O ex-presidente descarou apoiar o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que fez cobranças públicas ao PL de São Paulo.
“Salles tem pavio muito curto. Ele vinha sempre aqui, desde o último episódio não vem mais aqui”, disse Bolsonaro, referindo-se à última aparição de Salles no canal. “O Salles eu vejo com muita qualidade, e eu falei para ele: ‘Salles, a definição é em março do ano que vem, vai devagar. Todo mundo que sai na frente leva mais pancada além do previsto’. Se a gente tiver um candidato nosso, com chance de ganhar, a gente vai com ele. Até o momento, não apareceu, com todo o respeito que eu tenho ao Ricardo Salles. Há uma tendência de ficar com o Ricardo Nunes”, disse.
No Rio de Janeiro, onde o general da reserva Walter Braga Netto é cotado para disputar a prefeitura da capital contra o atual prefeito Eduardo Paes (PSD), Bolsonaro cita ainda o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, como outro nome no páreo.
“Se eles quiserem, um conselho que eu dei pra eles, “só fala a partir de 2024″, para não tomar tiro agora”, disse.
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