Bolsonaro exalta raízes caipiras e ataca Lula durante comício em Campinas após falas de petista

Presidentes e apoiadores ressaltaram ligação com o interior de São Paulo dois dias após o candidato petista o chamar ‘capiau do interior de São Paulo’

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Foto do author Célia Froufe
Atualização:

CAMPINAS E BRASÍLIA - O presidente e candidato a reeleição Jair Bolsonaro (PL) exaltou suas raízes interioranas e rebateu as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da última quinta-feira, 22, durante um comício neste sábado, 24, em Campinas, no interior de São Paulo. “Sou caipira e capiau do interior do Estado de São Paulo, mas não sou ladrão como Lula”, disse Bolsonaro aos apoiadores que se reuniram no centro da cidade.

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Durante uma sabatina na última quinta-feira no Programa do Ratinho (SBT), Lula usou o termo capiau ao se referir ao atual presidente, afirmando que ele era “ignorantão”, “xucro” e parece um “capiau do interior de São Paulo”.

Além da resposta direta ao ex-presidente, Bolsonaro e apoiadores que participaram do ato de campanha destacaram seus vínculos com o interior de São Paulo. O presidente citou sua trajetória de vida, desde o seu nascimento na cidade de Glicério, e de sua vida em Eldorado Paulista e Campinas - esta última, onde morou por um ano.

O presidente Jair Bolsonaro discursa para apoiadores durante comício em Campinas. Foto: Miguel Schincariol/ AFP


O candidato ao Senado Marcos Pontes (PL), que participou do evento ao lado do candidato ao governo do Estado Tarcísio de Freitas (Republicanos), também entrou no tema e disse ser “capiau” porque nasceu em Bauru. O vereador Tenente Santini, de Campinas, também usou a expressão em sua fala.

Em um dos momentos mais exaltados, o locutor responsável por conduzir o comício dos bolsonaristas se dirigiu ao público reunido no Largo do Rosário, na região central da cidade, e disse: “Somos ignorantes do interior de São Paulo, mas não somos jumentos, não somos burros de errar no dia da eleição: é Bolsonaro presidente”.

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Menções a ‘luta’ e ‘povo armado’

O presidente também voltou a falar em tom de ameaça ao se referir ao principal rival nas eleições de outubro, dizendo estar disposto a lutar “contra a quadrilha” de Lula caso fosse necessário. “Se precisar lugar contra quadrilha do Lula, lutaremos”, disse Bolsonaro, que acrescentou logo em seguida: “povo armado jamais será escravizado”.

A declaração que combina menções a uma eventual “luta” contra Lula e seus aliados e o porte de armas de fogo por civis, ocorreu em meio a uma série de ataques proferidos durante o discurso em Campinas. Bolsonaro afirmou que Lula é “o maior ladrão que passou pela história da humanidade” e argumentou que há apenas uma opção viável para os eleitores. “Nós temos dois nomes para o dia 2 de outubro. Ou melhor, (temos) um nome e um ladrão do outro lado”, disse.

Ao comparar o seu governo -- e sua campanha -- com a do petista, Bolsonaro utilizou as expressões “do lado de cá” e “do lado de lá”, e enumerou uma série de pautas em que ele e Lula seriam opostos, como a defesa da família, o aborto, a legalização das drogas, entre outros. “Do lado de cá, alguém que respeita a propriedade privada. Do lado de lá, um cara que diz que quer valorizar o MST”, disse em um momento. E completou: “Do lado de cá, alguém que diz que há o sagrado direito de legítima defesa, por isso defende o armamento para o cidadão de bem, do outro lado, um ladrão que quer desarmar o cidadão de bem”, disse repetindo que povo armado jamais será escravizado. Neste momento, os apoiadores começaram a gritar “mito, mito”.

Motociata com Tarcísio na garupa

Antes de chegar ao Largo do Rosário, Bolsonaro participou de uma motociata com apoiadores e aliados pelas ruas de Campinas. Recebido aos gritos de “mito, mito” e “primeiro turno, primeiro turno”, o presidente cumprimentou e bateu fotos antes de subir em sua moto, com o candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas na garupa.

Tarcísio vestiu uma camisa amarela, similar a da seleção brasileira de futebol, em que nas costas se lia: “Tarcísio é 10″. Nenhum dos dois usou capacete no percurso.

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Enquanto aguardavam a chegada do presidente, apoiadores que estavam no Largo do Rosário faziam ataques ao adversário e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT.

No carro de som, o locutor dizia aos manifestantes que, na Argentina, a população está comendo gatos e cachorros por causa da crise econômica do país. O país vizinho é liderado por um presidente de esquerda, Alberto Fernández, que já foi alvo de críticas de Bolsonaro.

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