BRASÍLIA — A campanha de Rogério Marinho (PL-RN) ao comando do Senado conta agora com um reforço vindo dos Estados Unidos. Desde sexta-feira, 27, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está em Orlando, começou a telefonar para aliados pedindo que votem em Marinho e, principalmente, “contra o PT”. As eleições que vão escolher os presidentes da Câmara e do Senado para o biênio 2023-2024 estão marcadas para 1.º de fevereiro.
Foi o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que solicitou a ajuda. Ex-ministro do Desenvolvimento Regional, Marinho vai desafiar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que é candidato à reeleição e concorre com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT. Corre por fora o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que se lançou como avulso e é visto como linha auxiliar de Marinho por ser bolsonarista.
A trinca do Centrão, formada por PP, PL e Republicanos, oficializará neste sábado, 28, o bloco pró-Marinho. Os três partidos reúnem 23 senadores de um total de 81. Para ser eleito, o candidato precisa de 41 votos. Como a votação é secreta, todos temem traições.
Diante do favoritismo de Pacheco, aliados de Marinho recorrem nas redes sociais à estratégia do “gabinete do ódio”, instalado no Palácio do Planalto durante o governo Bolsonaro, na tentativa de desconstruir o adversário.
Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos no dia 30 de dezembro do ano passado e não passou a faixa a Lula. Ainda não se sabe quando ele retornará ao Brasil. A ex-primeira-dama Michelle voltou para Brasília na última quinta-feira, 26. Ela já postou várias mensagens nas redes ao lado de Marinho.
O ex-presidente foi acionado por Valdemar Costa Neto para tentar virar votos de antigos aliados que podem apoiar Pacheco, como Romário (PL-RJ) e Wellington Fagundes (PL-MT). Romário teve dificuldades para ser eleito porque Bolsonaro decidiu apoiar Daniel Silveira (PTB-RJ), ex-deputado cassado por ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Caça às bruxas
Temas como impeachment de ministros do STF, redução da maioridade penal e até a tentativa de golpe no dia 8 têm sido usados na campanha como se a disputa fosse um terceiro turno entre Lula e Bolsonaro.
“Não queremos uma caça às bruxas, mas é preciso resgatar a autoridade que o Congresso perdeu”, disse Valdemar, sem dirigir ataques diretos ao STF. O senador Girão, porém, admitiu que as candidaturas de oposição a Pacheco querem “enfrentar” o Judiciário. “O restabelecimento da liberdade passa pela análise de pedidos de impeachment de ministros do Supremo. Não vamos segurar isso, não”, afirmou.
Enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), só tem como opositor o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) – que lançou candidatura para marcar posição –, Pacheco é alvo no Senado da chamada milícia digital. Foram criadas hashtags como #PachecoNuncaMais e #EleNao.
Além disso, circulam posts com as inscrições “PT está fechado com Pacheco” e “Pacheco é Lula”. Uma das mensagens pede que senadores não aceitem o “encabrestamento” do STF nem a transformação do Brasil numa “fazenda comunista”, um dos bordões do bolsonarismo.
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