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Bolsonaro participa de culto evangélico e ataca grupos pró-aborto

‘Defendem como se fosse extração de dente’, disse o presidente; ele também fez comentário sobre casamento considerado machista

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Atualização:

RIO - A uma plateia de evangélicos, o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, afirmou neste sábado, 10, que defensores do aborto comparam a interrupção da gravidez a uma extração dentária. Em pronunciamento na Convenção das Assembleias de Deus do Ministério de Madureira, o mandatário focou a agenda de costumes, cara ao segmento e uma de suas armas para fustigar a esquerda. Jornalistas que tentaram cobrir o discurso foram expulsos da reunião, em Deodoro, zona oeste da capital fluminense. Mas recuperaram as palavras do chefe do Executivo.

“Tem muitos grupos que defendem o aborto, que relativizam como uma extração de dente”, disse à plateia. “Não quer mais ir ao dentista, arranca; vai no médico e aborta.”

Jair Bolsonaro (PL) durante evento com evangélicos em Deodoro, na zona oeste do Rio de Janeiro. Foto: Juliana Garçon/Estadão Foto: Juliana Garçon

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Com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) - que lidera a corrida pelo governo do estado - entre os convidados o, Bolsonaro abordou também o debate sobre descriminalização de drogas.

“Temos também grupos por outro lado que falam em liberar as drogas”, declarou. “Esse grupo não sabe o que é o sofrimento de uma mãe com filho no mundo das drogas.”

Castro tem, como principal opositor na corrida pelo Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, o deputado Marcelo Freixo (PSB). Ele foi questionado sobre o tema nas sabatinas desta corrida eleitoral.

A participação do presidente na reunião de evangélicos conservadores aconteceu um dia após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto, participar na sexta, 9, de um encontro com 5 mil evangélicos em São Gonçalo, na Região Metropolitana fluminense. Na reunião, pastores oraram pela saúde de Lula e por sua vitória na eleição de outubro.

‘Manda quem pode, obedece quem tem esposa’

O presidente saudou o pastor Abner, anfitrião do evento, de forma jocosa: “Sabemos que manda quem pode, obedece quem tem esposa. Se alguém diz o contrário, não é um homem feliz”. Contudo, sua esposa, Michelle, não foi vista na Arena da Juventude durante o evento, tampouco na saída.

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O presidente criticou a pauta de costumes, classificando como “ameaça” tópicos relacionados à “ideologia de gênero”. “Qual mãe aqui ficaria tranquila, sabendo que sua filha, na escola, de 10 anos ao entrar no banheiro pode encontrar um moleque de 13, 14, 15 anos também ocupando o mesmo banheiro?”.

E prosseguiu: “Qual mãe, qual pai, ao mandar seu filho para a escola, atrás de conhecimento, e ver que ele está sendo educado - entre aspas - para daí a poucos anos ser homem ou ser mulher. Crianças a partir de 5 ou 6 anos de idade.”

Na crítica à  “desconstrução da heteronormatividade”, Bolsonaro citou PLC que, aprovado na Câmara em 2010, segundo ele, propunha cadeia a pastores e padres que se recusassem a realizar casamento de pessoas do mesmo sexo. “Em 2010, aprovou-se um projeto de lei na Câmara, que visava botar na cadeia padres ou pastores que se negassem a realizar o casamento de dois seres humanos do mesmo sexo. Foi uma briga muito grande, só vencida no Senado Federal.”

Ele encerrou sua participação no evento e, conforme a assessoria de imprensa, seguiu para Brasília sem falar com a imprensa.

Manda quem pode, obedece quem tem esposa.”

Jair Bolsonaro (PL), presidente da República

Imprensa é expulsa

Profissionais da Agência Estado, Folha de S. Paulo e O Globo foram abordados por seguranças do evento. Eles filmaram os jornalistas e os acompanharam até o lado de fora da Arena da Juventude, na Vila Militar, onde o encontro acontecia.

O evento não constava da agenda presidencial, publicada pelo Palácio do Planalto. Equipes de televisão também foram impedidas de entrar.

Evento da Marinha

Pela manhã, o presidente participou de um evento da Marinha do Brasil na Baía de Guanabara, a bordo do Navio Patrulha Oceânico Apa. A celebração, chamada de Revista Naval, integra as comemorações do Bicentenário da Independência.

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Bolsonaro acompanha evento da Marinha em comemoração aos 200 anos da Independência.  Foto: André Borges/AFP

A Marinha brasileira informou que, assim como os estrangeiros presentes, o Brasil também participou nos últimos anos de festividades alusivas à independência de países da América do Sul, como Chile e Peru. “Dessa vez, representantes das nações amigas vieram celebrar com o povo brasileiro os 200 anos da Independência do Brasil”, comunicou a Marinha. A solenidade no mar contou com a participação de 22 navios, sendo 11 brasileiros e 11 estrangeiros, que foram passados em revista pelo presidente. Cerca de dois mil militares participaram do evento.

A imprensa chegou a ser avisada sobre uma possível entrevista coletiva após a cerimônia, mas o presidente preferiu não dar declarações e evitou contato com jornalistas. Profissionais de imprensa acompanharam o evento em embarcações separadas das demais autoridades presentes, e não tiveram qualquer contato com o presidente nem antes nem depois da cerimônia.

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