Em jantar no Palácio dos Bandeirantes na noite desta quinta-feira, 20, com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o candidato ao Bandeirantes Tarcísio de Freitas (Republicanos), o governador Rodrigo Garcia (PSDB) disse a convidados ser um prazer receber os presentes e os candidatos na “nossa casa”, em referência à sede do governo do Estado. O Palácio foi usado diversas vezes pelo ex-governador João Doria para realizar coletivas de imprensa ao longo da pandemia da covid-19 e se tornou símbolo dos embates do ex-tucano com o presidente.
Garcia herdou o cargo de Doria quando o ex-governador deixou o governo para se lançar ao Planalto. Após fazer diversas críticas à gestão de Bolsonaro ao longo do primeiro turno da eleição, o governador agora disse reforçar o “apoio incondicional” que deu ao presidente no começo de outubro. O foco da agenda foi ampliar a base de prefeitos aliados à campanha de reeleição do chefe do Executivo. Cerca de 85 gestores municipais participaram do encontro, que foi restrito aos convidados.
Ao chegar, Bolsonaro foi recebido em um tapete vermelho na entrada do Palácio, prática comum quando ocorre a visita de chefes de Estado na sede do governo. Como mostrou o Estadão, o jantar organizado pelo governador gerou insatisfação entre tucanos de São Paulo, que discordam do apoio do governador. O encontro no Bandeirantes também foi alvo de ação popular do PT na Justiça de São Paulo. O partido alegou que a a sede do governo estaria sendo usada como evento de campanha, mas o juiz da 10ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, Otavio Tioiti, negou o pedido.
Na ocasião, Tarcísio e Garcia abriram uma camisa do Brasil estampada com o número de urna do presidente dentro do saguão principal do Palácio. Aos convidados e sem a presença da imprensa, o governador disse que os presentes que “têm um mandato” e “trabalham o voto” no Estado “sabem o que está em jogo no domingo da eleição”. “É um prazer receber cada um e cada uma de vocês na nossa casa. E em especial o presidente Jair Bolsonaro e nosso futuro governador Tarcísio de Freitas (...) Cada prefeito, prefeita, deputado liderança política que está aqui vai fazer a diferença no próximo domingo”, afirmou. “Estamos aqui para reforçar nosso apoio incondicional e mais do que isso, nosso trabalho nesses dias que faltam”, completou.
Além do governador e dos prefeitos, estavam presentes o ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP), o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), o ministro das Comunicações Fábio Faria, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vice-presidente do União Brasil, Antonio Rueda.
Também participou parte da bancada estadual do PSDB, membros da executiva nacional tucana e dirigentes partidários do PP, União Brasil também estiveram reunidos. Com a ajuda de Garcia, que declarou “apoio incondicional”, Bolsonaro tenta ampliar a capilaridade de sua campanha e converter prefeitos em cabos eleitorais.
Bolsonaro pediu ajuda aos líderes locais para conquistar votos. “Pelo nosso futuro, nossa pátria, nossos filhos e netos. Já que há uma diferença enorme entre nós e o outro lado, peço a vocês que a gente possa colaborar, trazer mais gente, para que a gente possa ter a certeza de que o Brasil não voltara àquele retrocesso. Muito obrigado a vocês, peço voto obviamente”, argumentou.
Ao deixar o local, o presidente disse a jornalistas que o ministro da Economia Paulo Guedes “vai dar aumento real do salário mínimo”, sem dar mais detalhes da ação.
Questionado sobre o que foi discutido no evento, perguntou o time do governador e, ao ouvir a resposta, ironizou e disse que discutiu “o futuro do Santos” com Garcia. Ele deixou a sede do governo de São Paulo ao lado do tucano.
Bolsonaro esticou a participação na agenda anterior, o podcast Inteligência LTDA, e, por isso, chegou uma hora e meia atrasada para o jantar. Alguns prefeitos e aliados aguardavam desde às 19h no Bandeirantes para o evento que estava marcado para iniciar às 21h.
No Podcast, o presidente disse que , se eleito, vai dar “um ponto final” na atuação do Tribunal Superior Eleitoral, que chamou de “ditatorial”.
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