Próximo do prazo estabelecido pelo prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para a definição da sua chapa – que ainda tem muitos nomes cogitados para vice – nas eleições deste ano, o União Brasil, que tem o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, como principal líder, tem reivindicado mais espaço na pré-campanha. Leite já mostrou disposição para ocupar a vice, mas com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como fiel da balança na decisão, o presidente da Câmara pode não ter sucesso nesta empreitada. Porta-voz do ex-presidente, o advogado Fábio Wajngarten diz que o cacique “nunca foi considerado”. Para o núcleo bolsonarista, o “vice será o coronel (Ricardo) Mello Araújo, nenhum outro”, disse o advogado ao Estadão/Broadcast.
Coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, Ricardo Mello Araújo é um nome que não encontra resistência dentro do MDB, partido de Nunes. O presidente do Diretório Municipal da legenda em São Paulo, Enrico Misasi, assegurou à reportagem que o partido, em princípio, não apresenta objeções ao nome do coronel, reiterando a autonomia do ex-presidente nas decisões: “Bolsonaro não é tutelado por ninguém e não tem colocado a ‘faca na garganta’ por nada”, destacou.
Misasi enfatizou a importância de formar uma chapa competitiva para as próximas eleições, como tem sido o discurso da campanha do emedebista, “com composição e a competência necessárias para vencer a extrema esquerda”. O dirigente municipal destacou que a coalizão de apoio está alinhada com esse objetivo. “Sempre estamos sujeitos a vários nomes. Todos os partidos pleiteiam”, ponderou.
Mesmo com as indicações de que Bolsonaro não vai conceder sua “bênção” a Milton Leite, o presidente da Câmara Municipal destaca que, “se couber ao União”, a sigla tem muitos nomes, além do dele, para indicar para a vaga. “Tem o Eli Corrêa, o deputado David Soares, o Daniel Soares, o delegado Roberto Monteiro. O União tem vários nomes. A questão é: cabe ao União?”, afirmou.
Nesta sexta-feira, 24, o Estadão mostrou que, em meio a briga com bolsonaristas pela vaga de vice de Nunes, o presidente da Câmara Municipal tem a meta de ser cacique nacional do União Brasil. Ele é citado também como provável candidato ao Senado em 2026.
Durante as eleições de 2022, a cidade de São Paulo não apoiou majoritariamente Bolsonaro nem Tarcísio de Freitas (Republicanos), optando, em vez disso, por dar a vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao então candidato ao governo estadual, Fernando Haddad (PT) – que, considerando os votos do Estado inteiro, não foi eleito.
Diante desse cenário, a escolha de um candidato a vice-prefeito para compor a chapa de Nunes requer uma análise cuidadosa das dinâmicas políticas locais. O cientista político da Fundação Getulio Vargas (FGV) Marco Antonio Carvalho Teixeira reforçou, ao Estadão/Broadcast, a importância dessa decisão mais analítica: “Não se sabe se o Mello Araújo é o mais favorável, mas é um nome apoiado por Bolsonaro. Obviamente, o Nunes tem que fazer o cálculo das implicações. Essa é uma questão importante para se colocar na agenda”, afirmou.
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