Bolsonaro transfere para general Heleno responsabilidade por plano de espionagem a Lula em 2022

Presidente atribuiu a general da reserva a iniciativa de “acompanhar” campanha do PT; iniciativa é mencionada em reunião ministerial gravada e apreendida pela PF

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Foto do author André Shalders
Atualização:

Em entrevista publicada na noite desta sexta-feira, 9, o ex-presidente Jair Bolsonaro negou envolvimento com a ideia de infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na campanha do então candidato Lula (PT). Na entrevista, Bolsonaro atribui a iniciativa ao ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general da reserva Augusto Heleno.

Essa possibilidade foi mencionada pelo general da reserva durante a reunião de Bolsonaro com seus ministros no dia 5 de julho de 2022, cujo vídeo foi apreendido pela Polícia Federal e divulgado pelo Supremo Tribunal Federal nesta sexta, 9. “Em dado momento (da reunião), o Heleno falou que ia seguir os dois lados, se inteirar dos dois lados. É o trabalho da inteligência dele, que eu não tinha participação nenhuma”, disse Bolsonaro na entrevista à TV Record.

O general Augusto Heleno quando prestou depoimento da CPI do 8 de Janeiro Foto: Wilton Junior / Estadão

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“As inteligências, eu raramente usava as que nós temos, das Forças Armadas, a própria Abin, a Polícia Federal. Não vejo nada demais naquilo. O Heleno queria se estender sobre o assunto, eu falei que não era o caso. Vai fazer uma operação, faça. A Abin tem esse poder de fazer operações para preservar as pessoas até”, disse Bolsonaro.

Num trecho da reunião gravada Heleno diz: “Vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados (as campanhas) estão fazendo”. Momentos depois, Bolsonaro o interrompe. “General, eu peço que o senhor não prossiga mais na tua observação aqui”, diz. “A gente conversa em particular, na nossa sala, sobre o que a Abin está fazendo”, diz Bolsonaro. A reunião aconteceu no Salão Leste, no segundo andar do Palácio do Planalto. A gravação foi obtida pelo STF com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fechou acordo de delação premiada em setembro do ano passado.

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As informações de Cid foram usadas pela PF para deflagrar a operação Tempus Veritatis, na última quinta-feira, 8, que incluiu 33 mandados de busca e apreensão contra aliados de Bolsonaro. O próprio ex-presidente teve o passaporte apreendido e está proibido de sair do país. Além disso, quatro ex-assessores de Bolsonaro tiveram decretada a prisão preventiva. Ao longo de uma hora e meia de reunião, Bolsonaro insiste que as eleições de 2022 seriam fraudadas para dar a vitória a Lula e insiste que seus ministros façam “alguma coisa” antes da data das eleições.

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