JUIZ DE FORA E BRASÍLIA - Com o acirramento da discussão sobre o aumento da violência política e casos de ataques a militantes e apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a Juiz de Fora (MG), cidade em que foi alvo de uma facada há quatro anos durante a campanha eleitoral de 2018.
Na cidade mineira, Bolsonaro participou de um culto evangélico e voltou a relembrar o atentado que sofreu de Adélio Bispo. Ao discursar no culto da Assembleia de Deus em Juiz de Fora (MG), o presidente voltou a disparar ataques contra o ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De acordo com o chefe do Executivo, “qualquer aluno do primeiro semestre de Direito” saberia que o magistrado é suspeito para dirigir a Corte. “Quem tirou Lula da cadeia foi o ministro Fachin. Onde está hoje em dia? Conduzindo o processo eleitoral”, reclamou.
O presidente também reagiu da juíza à declaração da juíza Ana Lúcia Todeschini Martinez, do cartório eleitoral de Santo Antônio das Missões e Garruchos (RS), que havia dito que a bandeira nacional poderia ser considerada propaganda eleitoral a partir do início da campanha, em agosto, por marcar “um lado da política”. “Se alguém proibir usar bandeira nacional, essa ordem será descumprida com aval do presidente da República”, disse o chefe do Executivo.
O presidente chegou à cidade mineira por volta das 9h e seguiu em motociata para um culto evangélico da 43ª Convenção Estadual das Assembleias de Deus. No trajeto, uma mulher que protestava contra o presidente foi retirada do ato ao se aproximar de Bolsonaro.
Após o encontro com religiosos, o presidente seguiu para a Santa Casa de Juiz de Fora, onde foi operado após ser esfaqueado quando cumpria agenda eleitoral, em 6 de setembro de 2018. O autor do ataque, Adélio Bispo de Oliveira, foi preso em flagrante.
O presidente se emocionou ao relembrar o episódio e agradeceu aos médicos que participaram do atendimento logo após o atentado. “O que eu mais pedia no período em que eu acordei (da facada) é que a minha filha não ficasse órfã”, disse.
“É uma coisa que a gente nunca espera acontecer conosco. Alguns perguntam pra mim: “Quem tentou te matar? Temos o assassino, três advogados com condições, temos palavras de alguns, um que tentou entrar na Câmara usando o nome do Adélio, entre tantas e tantas outras coisas. Eu não tenho ascendência sobre a Polícia Federal. Me acusam de interferir o tempo todo. Não acham nada”, disse.
Bolsonaro foi esfaqueado quando cumpria agenda eleitoral em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro de 2018. A Polícia Federal (PF) já concluiu que não houve um mandante para o crime e que Adélio agiu por conta própria. A Justiça considerou o autor do crime inimputável em razão de doença mental, enquanto o presidente insiste na narrativa de que foi alvo de um ataque político.
A facada voltou a ser citada pelo presidente após um militante petista ser morto por um policial penal bolsonarista em Foz do Iguaçu, no Paraná. “Somos contra qualquer ato de violência. Eu já sofri um (ato) na pele. A gente espera que não aconteça, obviamente. Está polarizada a questão. Agora, o histórico de violência não é do meu lado. É do lado de lá”, afirmou ontem no Palácio do Planalto.
O guarda municipal Marcelo Arruda foi assassinado por Jorge Guaranho, na noite de sábado, 9, quando comemorava 50 anos em uma festa decorada com imagens do ex-presidente Lula, em um clube de Foz do Iguaçu. Guaranho é bolsonarista e tem várias postagens em suas redes sociais de apoio ao presidente.
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