PUBLICIDADE

Boulos diz que não vai ‘rolar na lama’ com Pablo Marçal e ataca Nunes em primeiro ato de campanha

Candidato do PSOL fez caminhada pelo Campo Limpo, na zona sul da capital, acompanhado por sua vice, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT)

PUBLICIDADE

Foto do author Zeca  Ferreira
Atualização:

Candidato a prefeito de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) classificou como lamentáveis as provocações feitas pelo influenciador Pablo Marçal (PRTB) nos últimos debates eleitorais. Nesta sexta-feira, 16, Boulos afirmou que não se envolverá em “jogo rebaixado de quem quer fazer da eleição um vale-tudo, de quem quer rolar na lama”. Ele também criticou o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), considerado seu principal adversário na disputa pelo comando da capital.

Nesta manhã, Boulos recebeu em sua casa, localizada no Campo Limpo, na zona sul, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), sua candidata a vice. Eles compartilharam um café da manhã na residência onde Boulos vive há mais de dez anos com sua esposa e filhas. Após a refeição, os dois caminharam pelo comércio local, acompanhados por militantes e um carro de som, ato que marcou o início oficial da campanha de Boulos.

O deputado federal e candidato pelo PSOL Guilherme Boulos realiza caminhada em calçadão na região central de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

PUBLICIDADE

O candidato do PSOL busca um desfecho diferente do registrado na última eleição, quando chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Bruno Covas (PSDB), então candidato à reeleição, que morreu em maio de 2021 devido a um câncer. Para isso, Boulos tem adotado um tom mais moderado em relação às pautas de costumes, destacando sua experiência como professor e o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao ser questionado por jornalistas sobre as provocações de Marçal, Boulos disse que os dois debates realizados até agora foram marcados por tentativas de rebaixamento e pelo uso de mentiras. A campanha do PSOL chegou a apresentar uma notícia-crime contra o candidato do PRTB, o que levou o Ministério Público Eleitoral (MPE) a solicitar que a Polícia Federal (PF) inicie uma investigação contra Marçal por suposta prática de calúnia e difamação.

Desde o primeiro debate, realizado pela TV Bandeirantes na quinta-feira, 8, Marçal tem lançado ataques contra Boulos em suas redes sociais. Marçal, que é o candidato com o maior número de seguidores nas redes, com mais de 13 milhões de seguidores, alegou, sem apresentar provas, que Boulos seria usuário de drogas. A Justiça Eleitoral já ordenou a remoção dos vídeos publicados por Marçal contendo essas acusações.

“Vou seguir nos debates apresentando propostas para o povo de São Paulo, apresentando aquilo que as pessoas querem saber”, declarou Boulos. Na quinta-feira, 15, o presidente Lula aconselhou o candidato do PSOL a adotar uma postura diferente em relação a Marçal. Segundo o mandatário, Boulos “não deve nem fazer perguntas para ele, nem responder às perguntas dele”.

Leia também

Publicidade

Quem ganhou o debate à Prefeitura de São Paulo? Veja a análise dos colunistas do Estadão

O clima de animosidade nos dois últimos debates eleitorais levou as campanhas dos principais candidatos a dialogarem para diminuir as tensões nos próximos encontros. De acordo com interlocutores de Boulos, também estão ocorrendo conversas com os veículos de comunicação para garantir que as regras pré-estabelecidas nos debates sejam cumpridas e que os candidatos que as desrespeitarem sejam punidos.

A participação de Boulos no próximo debate, que será promovido pela revista Veja na próxima segunda-feira, 19, ainda não foi confirmada e dependerá desses ajustes.

Prefeito é foco de críticas

A atual estratégia de comunicação de Boulos foca em críticas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que assumiu a prefeitura após a morte de Covas, de quem era vice. Apesar do crescimento das candidaturas de Pablo Marçal e do jornalista José Luiz Datena (PSDB), a campanha do PSOL ainda considera Nunes o principal adversário e o provável oponente de Boulos em um possível segundo turno.

O deputado federal e candidato pelo PSOL Guilherme Boulos realiza caminhada em calçadão na região central de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

“Aqui é o time do Lula. Aqui é o time que tem a Marta como vice. Do outro lado, é o time dos privilegiados, o time do Bolsonaro, com um coronel que não gosta de pobre como vice”, disse Boulos, em referência ao vice de Nunes, o coronel PM Ricardo Mello Araújo (PL), indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ao final da caminhada pela Estrada do Campo Limpo, Boulos pediu votos não apenas para sua candidatura à prefeitura, mas também para os candidatos à Câmara Municipal, ressaltando a importância de eleger uma bancada expressiva no Legislativo. No percurso, ele fez paradas em um mercado, uma padaria, uma loja de eletrodomésticos e uma clínica odontológica. Marta o acompanhou até a segunda parada. O compromisso foi encerrado em um trio elétrico estacionado num posto de gasolina.

À tarde, Marta e Boulos participaram de uma nova caminhada, que começou no Teatro Municipal e seguiu até a Praça da Sé, no Centro Histórico de São Paulo. A passeata ocorreu simultaneamente a um ato da campanha de Ricardo Nunes, e os apoiadores dos dois candidatos quase se encontraram. De acordo com a campanha de Boulos, houve um acordo prévio com a Polícia Militar e a equipe do MDB para evitar tumultos e confusões na região central.

Publicidade

Do alto de um trio elétrico estacionado em frente à Catedral da Sé, Marta declarou que Boulos é o candidato da mudança e elogiou as virtudes de seu companheiro de chapa. “Por isso, nosso coração está com Boulos”, afirmou a ex-prefeita. Durante a pré-campanha, esperava-se uma participação mais ativa de Marta, que acabou cumprindo poucas agendas ao lado de Boulos. No entanto, agora ela deve se envolver mais intensamente na campanha. Marta já está confirmada para um evento com mulheres na segunda-feira, 19.

Com o slogan “coragem e experiência”, Boulos apresenta sua candidatura como “a da mudança” e destaca o apoio do presidente Lula. Foi o petista quem articulou o retorno de Marta ao PT para ser vice na chapa de Boulos. A expectativa é que a ex-prefeita contribua com sua experiência no Poder Executivo, algo que Boulos ainda não possui.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.