O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) realizaram nesta quinta-feira, 22, a primeira agenda em conjunto da pré-campanha à Prefeitura de São Paulo. Os dois percorreram Parelheiros, no extremo sul da capital.
A reunião com lideranças e moradores de Parelheiros foi marcada por críticas ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e a tentativa de Boulos de nacionalizar a corrida eleitoral, classificando o pleito municipal como “a disputa do time do Lula com o time do inelegível”, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Ele é prefeito da maior cidade do Brasil, da cidade mais rica da América Latina, e sabe o que ele vai fazer no domingo que vem?”, questionou Boulos, ao citar a presença de Nunes em um ato pró-Bolsonaro neste final de semana. “Uma vergonha”, afirmou.
“Às vezes, o atual prefeito tenta fingir que não é o candidato do Bolsonaro e, no outro momento, ele sobe num palanque de defesa de golpe de Estado na Avenida Paulista”, completou.
O primeiro compromisso da agenda de Boulos e Marta foi uma visita à terra indígena Tenondé Porã. Os pré-candidatos foram recebidos por lideranças da comunidade Guarani no Centro de Educação e Cultura Indígena (CECI) da aldeia, inaugurado na gestão de Marta Suplicy. Após passeio pelo local, Boulos e Marta assistiram a uma apresentação musical feita por crianças e assinaram uma carta se comprometendo com sete reivindicações elaboradas pelos indígenas.
Entre as reivindicações, as lideranças da aldeia pediram a criação de um programa de pagamentos por serviços ambientais para apoiar os trabalhos realizados pelos indígenas, além de melhorias nas vias de acesso à comunidade Guarani. O território Tenondé Porã tem área declarada de 15,9 mil hectares onde existem 14 aldeias, somando uma população de aproximadamente 1,5 mil pessoas.
A visita foi seguida por uma caminhada pelo comércio da região e o plantio de uma muda de cambuci na Praça Júlio César de Campos. Os pré-candidatos cumpriram a típica agenda eleitoral, bebendo café em uma padaria do bairro e tirando fotos com apoiadores. A dupla foi então para um almoço na Casa de Fatel e finalizou o roteiro em uma plenária com cerca de 500 pessoas.
Marta ocupava, até janeiro, a chefia da Secretaria Municipal de Relações Internacionais da Prefeitura, mas deixou o cargo para voltar ao PT e ser vice de Boulos nas eleições de outubro. Ela justificou a troca alegando que não poderia estar no mesmo palanque que o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Sinto que o Boulos tem uma preocupação com as pessoas que mais precisam, que foi o que sempre fiz quando dirigi a cidade de São Paulo”, disse Marta nesta quinta-feira.
Apesar da resistência inicial de uma ala do PT por causa do apoio ao impeachment de Dilma Rousseff e declarações passadas, a ex-prefeita assinou o ato de filiação ao partido no começo de fevereiro. A reaproximação teve participação direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É esperado, inclusive, que Lula se envolva ativamente na disputa eleitoral, com a inauguração de obras na capital.
O antigo cargo de Marta na prefeitura foi preenchido pelo ex-ministro Aldo Rebelo, membro licenciado do PDT, num gesto político de Nunes para capturar o termo “frente ampla”.
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