BRASÍLIA - O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, é soteropolitano de nascimento. Da infância e adolescência na Bahia, ele resgata as sugestões que dá para quem quer aproveitar horas de lazer para ler, ouvir e pensar.
Dantas recomenda a voz de Maria Bethânia e a escrita de Jorge Amado. Embora não seja um adepto de TV, indica uma série sobre a Roma antiga que o fisgou quando ficou de repouso em casa por conta de uma cirurgia.
Um livro:
O ministro está lendo hoje “Como as guerras civis começam e como impedi-las”, da cientista política norteamericana Barbara Walter. O livro segue a trilha das publicações contemporâneas de estudiosos que analisam os riscos aos regimes democráticos nas sociedades polarizadas. Mas não é essa publicação que Dantas quer recomendar. Lá da infância ele lembra que foi obrigado a ler na escola Capitães da Areia, de Jorge Amado. E é essa obra que Dantas indica. “Foi o livro que mais me marcou até hoje”, diz.
Apesar de não ter se dado conta na primeira leitura obrigatória da crítica social contida no texto de Amado, elemento que só percebeu mais tarde numa releitura, o ministro se recorda do impacto que o livro lhe causou. O relato sobre as crianças abandonadas de Salvador vivendo em gangues. “Era o que a gente via. E tanto tempo depois dessa leitura pouca coisa mudou. A violência policial está ai e crianças continuam abandonadas”, afirma. Dantas diz que o livro continua uma importante referência para aqueles que querem entender a cena baiana e brasileira.
Uma série
Graduado e pós-graduado em direito, Bruno Dantas se diz um apaixonado por história antiga. O ministro confessa que não é muito de sentar na frente de uma TV, mas ainda assim tem uma série para sugerir. A produção que recomenda ele viu de uma tacada só quando estava em repouso em casa por conta de uma cirurgia. “Como dizem hoje, maratonei”.
Dantas se refere à série Roma, da HBO, que dramatiza a vida na capital do império romano na Era Antiga.
Uma música
Vem também da Bahia a voz melodiosa e forte que Dantas sugere para ouvir. A música faz parte da história familiar do ministro. Ainda criança na Bahia, costumava ouvir sua mãe, uma funcionária do Banco do Brasil, tirar os fins de semana para ligar o toca-discos, colocar o volume bem alto para ouvir Maria Bethânia.
Das interpretações da cantora, Dantas escolheu “Reconvexo”. “Essa música faz um jogo de palavras sobre coisas que a gente vê no Brasil e mescla com nosso dia a dia. Gosto também do rock brasiliense, do Capital Inicial e Legião Urbana, mas Reconvexo é imbatível”.
Ficha técnica:
Um livro: Capitães da Areia, Jorge Amado
Uma música: Reconvexo, Maria Bethânia
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