O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), pediu desculpas ao presidente de Israel, Isaac Herzog, nesta terça-feira, 19, pela declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que comparou a ofensiva do país na Faixa de Gaza com o holocausto promovido por Adolf Hitler. Caiado estava acompanhado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). No final da tarde, os dois também se reuniram com o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.
Caiado disse nas redes sociais que conversou com Herzog sobre os impactos do conflito com a organização terrorista Hamas, o rastro de destruição causado pelo enfrentamento e a importância de se promover a paz.
“Ao mesmo tempo, peço desculpas em nome do meu povo, de nós brasileiros, pelas declarações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, ao desconhecer totalmente a história, fez uma comparação a mais desastrosa possível agredindo o povo judeu”, disse Caiado em um vídeo com o presidente israelense e Tarcísio, que apenas acenou a cabeça quando o goiano disse que seria uma honra receber Herzog em São Paulo e Goiás.
O governador paulista não fez menção a Lula nas redes sociais e preferiu destacar possibilidades de cooperação entre os países em áreas como agricultura, inovação, tecnologia e segurança pública. Ele também agradeceu pelo apoio da comunidade judaica em São Paulo na tragédia de São Sebastião, que deixou mais de 60 mortos após deslizamento de terra causado pela chuva em fevereiro do ano passado.
“Reforçamos a nossa solidariedade ao povo de Israel, nosso repúdio ao terrorismo, nossos votos de sucesso nas tratativas para libertação dos reféns e construção de um caminho para a paz.”, escreveu Tarcísio de Freitas sobre o encontro com Netanyahu.
Os governadores, que são bolsonaristas e de oposição, aproveitaram a declaração de Lula sobre Israel para marcar posição e capitalizar politicamente. Tanto Tarcísio como Caiado são apontados como possíveis candidatos à Presidência da República em 2026, já que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está inelegível.
“O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula em uma entrevista em fevereiro.
Bolsonaro foi convidado por Netanyahu para viajar a Israel, mas está com seu passaporte retido por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) por causa da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil. Inicialmente, os governadores viajaram ao país do Oriente Médio a convite da comunidade brasileira que vive em Israel, mas depois foram convidados oficialmente pelo primeiro-ministro.
“Depois que o primeiro-ministro soube do acordo dos governadores para visitar Israel e à luz da importante relação entre Israel e o Brasil, os governadores foram convidados pessoalmente para uma série de reuniões com altos funcionários israelenses, incluindo o primeiro-ministro”, disse a embaixada de Israel no Brasil.
Tarcísio e Caiado chegaram ao país no domingo. Na quarta-feira, 20, o governador paulista visitará a sede da Israeli Aerospace Industries, indústria de aviação civil e militar, e terá um encontro com a comunidade brasileira em Raanana.
O principal compromisso de Tarcísio na quinta-feira será com o ministro de Relações Exteriores, Israel Katz. O governador visita ainda a estação de saneamento de Shafdan e locais históricos como o Museu do Holocausto, o Monte das Oliveiras, a Biblioteca Nacional Israelense e a Cidade Antiga de Jerusalém antes de retornar ao Brasil na madrugada de sexta-feira, 22.
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