Câmara suspende votações no plenário após internação de Erundina e ‘ânimos exaltados’

Parlamentar está na UTI após sentir falta de ar durante reunião de comissão; clima tenso por conta de brigas entre parlamentares também pesou para decisão de encerrar sessão

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Foto do author Levy Teles

BRASÍLIA - A Câmara encerrou a sessão deliberativa desta quarta-feira, 5, no plenário sem votar nenhum projeto. Parlamentares dizem que o principal motivo foi o estado de saúde da deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), que passou mal durante reunião na Comissão de Direitos Humanos e foi hospitalizada.

“A deputada Erundina, uma mulher que todos temos que reverenciar, com quase 90 anos, encontra-se na UTI de um hospital, com a saturação baixíssima”, disse a deputada Laura Carneiro (PSD-RJ), ao apresentar uma questão de ordem para o fim da sessão. “Nós, mulheres deputadas, queríamos nos solidarizar com a deputada Erundina lá no hospital.”

Luiza Erundina, deputada federal e ex-prefeita de São Paulo Foto: Zeca Ribeiro

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Erundina discursava sobre uma matéria da qual é relatora na comissão, quando sentiu falta de ar e precisou ser retirada da sala. Segundo assessores da parlamentar, ela está sob atendimento médico no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, em quadro estável. A parlamentar foi prefeita de São Paulo. Com 89 anos, é a deputada federal mais velha nesta legislatura da Câmara.

De acordo com congressistas ouvidos pela reportagem, também pesou para o encerramento da sessão o fato de os ânimos já estarem exaltados na Casa após brigas ao longo do dia. “O que aconteceu hoje aqui foi muito grave, agressões. Estamos interditando o debate político e abrindo caminho para a violência e a agressão”, disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

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“Não vejo hoje condições tranquilas de seguirmos numa pauta neste plenário. Os ânimos estão exaltados. Está todo mundo tenso. Tem deputado agredido, jornalistas agredidos, deputada Erundina internada”, emendou Jandira.

Na pauta da Câmara, estava um requerimento de urgência para um projeto de lei que equipara ao crime de homicídio o aborto realizado após 22 semanas de gestação e com viabilidade do feto por meio de técnicas de assistolia fetal, que usa medicamentos para interromper os batimentos cardíacos.

André Janones e Nikolas Ferreira discutiram e quase foram às vias de fato em sessão na Câmara dos Deputados Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Também poderia ser votada a urgência para um projeto de lei que impede a homologação judicial de delações premiadas de quem estiver preso. A proposta, que em tese poderia afetar o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, foi apresentada em 2016, no auge da Operação Lava Jato, pelo ex-deputado Wadih Damous (PT-RJ), hoje secretário nacional do Consumidor no governo Lula.

“Essa pauta que está colocada hoje é explosiva, não vai acabar bem. É uma pauta difícil, complexa, que não foi debatida”, criticou Jandira.

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Confusão entre parlamentares quase levou a vias de fato

Os deputados federais André Janones (Avante-MG) e Nikolas Ferreira (PL-MG) discutiram hoje na Câmara e precisaram ser apartados para evitar que saíssem no tapa. “Dou na sua cara com um soco, seu otário”, disse Janones. “Pode vir, bate”, respondeu Nikolas.

A briga entre os dois começou em razão da tumultuada sessão do Conselho de Ética, que julgou representação do PL contra Janones pela prática de “rachadinha”, quando partes dos salários de funcionários do gabinete são repassadas ao parlamentar.

Após o colegiado arquivar o caso por 12 votos a cinco, deputados apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da base de Lula começaram a trocar insultos e provocações. Janones chamou parlamentares de “boiola” - inclusive Nikolas - e os convocou “para conversar lá fora”.

Quando a situação escalou, a ponto de a Polícia Legislativa Federal precisar separar os congressistas, Janones foi retirado da sala, mas Nikolas o seguiu pelos corredores da Câmara.

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“Você é um frouxo, você é um mentiroso. Seu m**. Vamos lá fora então, quero ver”, disse Nikolas. “Vamos só nós dois. Tira a gangue, tira a gangue, tira a gangue. Vagabundo, boiola, tomar no seu c*, Bandido. É só nós dois. Vem cá”, respondeu Janones.

A deputada federal Jack Rocha (PT-ES) foi uma que estava entre outros populares que agiram para apartar os dois. “Pode vir, bate, bate, ‘rachadinha’”, prosseguiu Nikolas. “Moleque golpista. Pau no seu c., seu moleque. Dou na sua cara com um soco, seu otário”, ameaçou Janones.

“É muito fácil. Está correndo. Vem cá, seu f**”, prosseguiu Janones. “Você é um frouxo mentiroso. É isso o que você é. Seu lixo”, rebateu Nikolas.

Janones ainda teve confronto com outro deputado bolsonarista na saída do Conselho de Ética. Desta vez, foi o deputado Zé do Trovão quem quis partir para cima do político mineiro.

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