BRASÍLIA - Após reunião com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, caminhoneiros indicaram nesta quinta-feira, 9, que devem continuar mobilizados até serem recebidos pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). A intenção do grupo é pressionar o chefe do Congresso a abrir processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), principal alvo de Bolsonaro na Corte. Um pedido apresentado pelo chefe do Executivo no mês passado foi rejeitado por Pacheco.
Dois dias após os atos antidemocráticos de 7 de Setembro, caminhoneiros que são a favor do governo ainda promovem manifestações em rodovias de 15 Estados nesta quinta-feira, mas a Polícia Rodoviária Federal conseguiu zerar os bloqueios nas estradas. As pautas são as levantadas por Bolsonaro, com ênfase nas críticas ao STF e nos pedidos pela destituição de Moraes.
“A gente estabeleceu uma pauta de entrega de um documento ao senador Rodrigo Pacheco e até o momento infelizmente não tivemos êxito nisso. Permanecemos no aguardo de ser recebido pelo mesmo. E talvez existam algumas questões. Quanto tempo vai durar? Já antecipo, nós estamos aguardando sermos recebidos pelo senador Rodrigo Pacheco. Até que isso seja realizado estamos mobilizados em todo o Brasil", afirmou Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, que disse não ser possível adiantar quais reivindicações estarão no documento destinado a Pacheco.
Tanto Chicão Caminhoneiro como o outro transportador autônomo que falou com jornalistas após a reunião afirmaram que Bolsonaro não lhes fez nenhum pedido. Na quarta-feira, pressionado pelo temor do efeito das paralisações na economia, Bolsonaro enviou um áudio pedindo que os caminhoneiros liberassem as rodovias.
“O presidente não nos pediu nada (na reunião). Nós estamos aqui numa visita de cortesia visto que viemos ao Senado, infelizmente até o momento não pudemos ser recebidos, e como estamos mobilizados aqui aproveitamos a oportunidade de estar com o presidente, que foi muito cordial. E estamos avançando no sentido de construir uma agenda que seja positiva para todo o povo brasileiro”, disse Chicão Caminhoneiro.
Presente no encontro, a deputada e aliada de Bolsonaro Carla Zambelli (PSL-SP) afirmou que o presidente “não controla o movimento”, mas que teria repetido sua preocupação com “os mais vulneráveis” diante das paralisações nas rodovias. “O presidente externou para eles a preocupação com os mais vulneráveis na questão da paralisação, e foi ouvido por eles, e a voz deles na verdade é a voz do povo brasileiro”, disse a deputada.
Caminhoneiro do Mato Grosso, Cleomar Araújo afirmou que a pauta dos manifestantes “sempre foi o STF via Senado”. “Nossa pauta nunca foi com o presidente, nossa pauta sempre foi STF via Senado. O Senado teria obrigação de atender e tentar resolver a nossa questão. A insatisfação do povo brasileiro com o judiciário. Seria isso”, disse Araújo. Chicão Caminhoneiro declarou ainda que as mobilizações não têm relação com o preço atual dos combustíveis.
“Estamos mobilizados pelo direito de liberdade, de expressão, manifestação. O povo infelizmente está sendo impedido de se posicionar em muitas questões e precisamos que isso mude, que a Constituição seja respeitada”, disse.
Em vídeo divulgado na tarde desta quinta-feira, um dos principais incentivadores dos protestos, o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão, também tentou desassociar a paralisação dos motoristas com a defesa do presidente. Foragido da Justiça, ele está no México e segue dando orientações a manifestantes bolsonaristas, por meio das redes sociais.
"Pelo amor de Deus, as paralisações precisam ter faixas com a cara do Alexandre de Moraes (do Supremo Tribunal Federal), pedindo o impeachment dele. Tirem as faixas em que está escrito Bolsonaro, apoio a Bolsonaro. Tirem essas faixas, pelo amor de Deus. Não estamos lutando a favor do Bolsonaro, estamos lutando a favor da família brasileira", afirmou, em vídeo divulgado no início da tarde desta quinta.
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