Para frear a ofensiva sobre o eleitorado feminino da primeira-dama Michelle Bolsonaro, do outro lado da polarização a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência da República pelo PT, escalou a esposa do petista, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, para gravar inserções para o horário eleitoral gratuito e discursar nos comícios.
A estreia de Janja na nova empreitada foi no final de semana. A socióloga apareceu pela primeira vez em rede nacional de rádio e televisão no último sábado em discurso diretamente voltado ao eleitorado feminino. “Sabemos das dificuldades que nós mulheres enfrentamos atualmente. São milhões de mulheres endividadas para poder levar alimentos para suas famílias”, afirmou.
No comício em São Luís, capital do Maranhão, Janja fez o primeiro discurso em ato público. “Faltam 30 dias para a gente voltar a ser feliz. Trinta dias. A gente tem uma missão grande dia 2 de outubro: eleger Lula no primeiro turno. E para isso, a gente precisa contar com cada um de vocês”, declarou a socióloga.
Nos bastidores do PT, as aparições de Janja foram avaliadas como positivas e, por isso, devem ser intensificadas como resposta à entrada de cabeça de Michelle na campanha do marido, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). No horário nobre, a primeira-dama conversou com a “mulher sertaneja” ao destacar o avanço na obra da transposição do Rio São Francisco.
O novo papel oferecido a Janja pelo PT acontece no momento em que o partido busca formas de evitar o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto. Há alguma preocupação em manter a larga vantagem de Lula entre as mulheres. Pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira mostrou o petista com 48% das intenções de voto no público feminino ante 29% de Bolsonaro, que tem grande rejeição no segmento. O levantamento da semana passada foi feito após o ataque do chefe do Executivo à jornalista Vera Magalhães durante o debate da Band.
A partir de agora intensificada, a participação de Janja na campanha de Lula, no entanto, é fato desde o início. Ela integra reuniões, tem a opinião ouvida pelo candidato - o que gera até mesmo algum ciúme de dirigentes históricos da sigla - e costuma acompanhar o petista nas agendas políticas para cantar o jingle “Sem Medo de Ser Feliz” nos comícios para animar a militância, mas ainda não discursava.
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