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Candidatos acusados de organizar o 8 de Janeiro e de participar de atos antidemocráticos são eleitos

Bolsonaristas de Vitória (ES), Vila Velha e Itajaí (SC) saíram vitoriosos das urnas neste domingo, 6; procurados, eleitos não foram localizados

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Foto do author Vinícius Valfré
Foto do author Gustavo Côrtes

BRASÍLIA – Candidatos que participaram da organização dos ataques aos prédios sedes dos Três Poderes em 8 de Janeiro de 2023 e de acampamentos antidemocráticos em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram eleitos em cidades do Espírito Santo e de Santa Catarina. Enquanto não houver condenação definitiva pelo Supremo Tribunal Federal (STF), eles poderão exercer os mandatos normalmente. A reportagem identificou três bolsonaristas ligados a atos que incitavam uma ruptura institucional e que saíram vitoriosos das urnas neste domingo, 6.

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A advogada Liliane Fontenele (PL), de Itajaí (SC), é acusada de associação criminosa e incitação ao crime contra os Poderes Democráticos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) devido à sua participação na articulação e no financiamento do 8 de Janeiro. Ela promoveu acampamentos em frente a um Quartel da Marinha na cidade catarinense e arrecadou dinheiro para enviar bolsonaristas a Brasília para os atos que resultaram em quebradeira nas sedes dos Três Poderes.

Os outros dois eleitos acusados de envolvimento em atos antidemocráticos são Armandinho Fontoura (PL), de Vitória (ES), e Pastor Fabiano Oliveira (PL), de Vila Velha (ES). Ambos chegaram a ficar presos por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Os três eleitos foram procurados pela reportagem por meio de chamadas em seus telefones pessoais e contatos com advogados, mas não foram localizados.

A vereadora eleita de Itajaí (SC) Liliane Fontenele (PL), durante ato em apoio a Jair Bolsonaro em Brasília, em 2022 Foto: @lilianefontenele via Instagram

Segundo a denúncia oferecida pela PGR, Liliane Fontenele administrava grupos de WhatsApp e recebia “contribuições” para a logística de caravanas que trouxeram manifestantes de Santa Catarina a Brasília. De acordo com a procuradoria, as ações de Liliane “incitaram publicamente a animosidade das Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais” desde o início do processo eleitoral de 2022 até os eventos do 8 de Janeiro.

“Há provas suficientes de sua adesão à associação criminosa que se estabeleceu no acampamento instalado em frente ao Quartel da Marinha em Itajaí”, escreveu o procurador-geral da República, Paulo Gonet, em 17 de setembro, já durante a campanha eleitoral.

A advogada usou o próprio Pix para receber “contribuições” que seriam destinadas ao financiamento das viagens. De novembro de 2022 a janeiro de 2023, ela recebeu R$ 200,4 mil na própria conta. Por isso, para a Polícia Federal, ela tinha “papel central na organização e manutenção do acampamento em Itajaí”.

Ela não estava em Brasília no 8 de Janeiro, mas, de Itajaí, gravou vídeos durante um ato simultâneo em “apoio aos patriotas” que estavam na capital federal, segundo ela, “retomando nosso Brasil, retomando nosso poder”. Liliane veio à capital federal um mês antes e esteve no ato que resultou em cenas de destruição em Brasília depois que o cacique Serere Xavante, apoiador de Bolsonaro, foi preso, em 12 de dezembro de 2022. Naquele mês, ela encontrou o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, dentro de um avião e passou a gritar palavras de ordem contra ele: “perdeu, mané”.

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O caso dos capixabas

Eleito vereador de Vitória em 2020, Armandinho Fontoura chegou a se eleger presidente da Câmara Municipal, mas não assumiu o posto devido à sua prisão, decretada por Moraes em dezembro de 2022. Ele e Pastor Fabiano são acusados de integrar uma “milícia digital privada” que defendia a quebra do sistema democrático.

Pastor Fabiano Oliveira tem ordem de prisão decretado por Alexandre de Moraes e continua no quartel, no Espírito Santo Foto: Reprodução

Armandinho enfrentava um processo de cassação que não chegou a ser concluído antes do fim de seu primeiro mandato. Em publicações nas redes sociais, chamou os ministros do STF de “bandidos togados” e “imperadores do Brasil”.

Já o Pastor Fabiano era líder de um grupo chamado “Soberanos da Pátria”, que segundo Moraes, pedia a tomada do poder pelas Forças Armadas.

Ele chegou a ser preso pela Polícia Federal após quatro dias foragido. A captura ocorreu no acampamento em apoio a Bolsonaro montado em frente ao 38º Batalhão de Infantaria do Exército, em Vila Velha (ES), depois da derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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