As eleições do Congresso Nacional ocorrerão no dia 1º de fevereiro, na volta do recesso parlamentar. Estão em disputa as presidências da Câmara e do Senado. O perfil dos comandantes de ambas as Casas é muito relevante para a governabilidade do poder Executivo, chefiado por Luiz Inácio Lula da Silva. Uma má relação com o Legislativo pode atrapalhar ou impedir o andamento de propostas do governo, gerar pressão no Planalto por falta de alinhamento político e até desembocar na abertura de um processo de impeachment.
O atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tenta a reeleição. Ele foi o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2021, quando foi eleito para comandar a Casa, mas neste ano tem demonstrado mais proximidade com o governo Lula. O nome apoiado pela ala bolsonarista do Congresso, desta vez, é Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro do Desenvolvimento Regional de Bolsonaro.
Ainda no campo bolsonarista, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) anunciou que vai se candidatar. Aliado fiel de Bolsonaro, ele afirma que seu objetivo, caso vença, será realinhar o Congresso à pauta bolsonarista, como a defesa pela “liberdade de expressão” ilimitada e o fim da suposta “censura” imposta pelo Judiciário.
Nas redes sociais, apoiadores do ex-presidente Bolsonaro começaram uma campanha contra Pacheco e a favor de Marinho. Eles também fazem pressão para que Girão desista da disputa, desobstruindo o caminho para que o ex-ministro seja o único candidato da oposição. Os bolsonaristas afirmam que o atual presidente da Casa está “fechado” com o PT, chamado por eles de “quadrilha”. Apoiadores do ex-presidente inclusive levantaram a hashtag “#PachecoNao” para se opor ao mineiro.
Na Câmara, o PT decidiu apoiar a reeleição de Arthur Lira (Progressistas-AL), atual presidente da Casa, numa tentativa de construir estabilidade política. O partido quer evitar repetir o que considerou como erro na disputa da Câmara, em 2015, quando a então presidente Dilma Rousseff (PT) resolveu bancar o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) contra Eduardo Cunha (MDB-RJ). Após vencer, Cunha virou inimigo de Dilma e, no fim daquele mesmo ano, autorizou a abertura do pedido de impeachment contra ela.
Paralelamente, a federação PSOL-Rede avalia lançar um nome para concorrer com Lira pela presidência da Casa. O deputado mais provável é Guilherme Boulos (PSOL-SP), mas as siglas ainda não têm uma definição. Segundo o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, a bancada deve se reunir para discutir a possibilidade, mas a reunião ainda não tem data marcada.
Durante a última legislatura, Lira consolidou sua rede de apoios no Congresso com o orçamento secreto, esquema de compra de apoio político do presidente Jair Bolsonaro, revelado pelo Estadão. O mecanismo foi criticado várias vezes por Lula na campanha eleitoral. O petista chegou a dizer que Lira atuava como “imperador”.
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