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Opinião|Com Lira em Lisboa e deputados no São João, reforma tributária espera e orçamento secreto prospera

Parlamento está de folga a três semanas do recesso e sem votar regulamentação da reforma, enquanto país é discutido na Europa

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Foto do author Carlos Andreazza
Atualização:

Arthur Lira e Ciro Nogueira são presenças confirmadas no Fórum Jurídico de Lisboa. O Parlamento em semaninha de folgança, a três semanas do recesso, para que o país seja discutido na Europa; o restante do Congresso pulando as fogueiras de São João. E há um compromisso por votar as regulamentações da reforma tributária até 18 de julho.

Ninguém reclamará das comissões atropeladas e dos regimes de urgência impostos, afinal aprovado texto desconhecido enquanto se lhe metem ainda mais contrabandos. Lira quer uma marca para sua gestão. Gostaria que fosse a reforma tributária. Será a instituição do orçamento secreto.

Arthur Lira embarcou para Lisboa, para evento organizado por Gilmar Mendes, enquanto Congresso está de folga para parlamentares curtirem festas de São João Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

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Daí a sugestão. Se em Lisboa para o que os maledicentes chamam de Gilmarpalooza, Lira e Nogueira poderiam propor mesa – faltaria apenas Alcolumbre – sobre a constituição e a operação do orçamento secreto. Diante de alguns ministros do Supremo, explicariam a natureza-engenharia de arreganho que aterrou decisão do tribunal e conseguiu – política de Estado – transitar de Bolsonaro a Lula sem maiores solavancos.

O capeta se foi. A picanha voltou. A democracia está garantida por Xandão. E o orçamento secreto continua. E continua a Codevasf, sob o mesmo comando de quando os golpistas nos acossavam. Não deixa de ser expressão da estabilidade-resistência de nossa República.

Manchete do Estadão para reportagem de Daniel Weterman: “Governo Lula paga R$ 7 bilhões do orçamento secreto de Bolsonaro sem respeitar decisão do STF.” São restos a pagar, que a turma da reconstrução distribui como fazia a Casa Civil de Ciro Nogueira. Sem transparência – desconhecidos os patronos das emendas – e autoritariamente, grana somente às paróquias dos amigos dos donos do Parlamento.

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Nem Flavio Dino, líder do governo no STF, pôde matar no peito. Declarou que Lula – em cujo governo formava até anteontem, Juscelino Filho como colega – e o Congresso não teriam comprovado “cabalmente” o cumprimento da decisão do Supremo.

A decisão é de 2022. O modelo de 2023, acordado a partir da PEC da Transição, já foi superado. O orçamento secreto é fugaz e camaleônico, vai de fachada em fachada, e – havendo os bilhões – sua dinâmica se adapta a qualquer superfície. O bicho continua. É cabal. Em 2024, evolui sob as emendas de comissão. Dino chegará lá em algum momento.

Lula já chegou. Está feliz com Juscelino, ministro das Comunicações, indiciado em função do uso de dinheiros do orçamento secreto para que a Codevasf, sob gerência apadrinhada, pavimentasse, via empreiteira amiga, estrada que serve a fazenda da família em município cuja prefeita lhe é irmã.

O relator do caso é Dino. Que também está no programa de Lisboa.

Opinião por Carlos Andreazza

Andreazza foi colunista do jornal O Globo e âncora da Rádio CBN Rio, além de ter colaborado com a Rádio BandNews e com o Grupo Jovem Pan. Formado em jornalismo pela PUC-Rio, escreve às segundas e sextas.

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