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Opinião | Empréstimo do candidato Lula fere a impessoalidade e força estímulo ao consumo em prol da reeleição

Programa dobra aposta no crescimento artificial da economia brasileira para ‘financiar’ vitória nas urnas em 2026

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Foto do author Carlos Andreazza

“Apertou o orçamento? O juro tá alto? Pega o empréstimo do Lula!” – assim se dispara a campanha pelo Crédito do Trabalhador, parte do esforço de resistência eleitoral para sustentar até 2026 o voo de galinha em que consiste o crescimento da economia brasileira. A bicha se arrebentará, arrebentados-endividados nós. O objetivo de Dilma 3, no entanto: empurrar o esborrachamento para 2027.

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“Pega o empréstimo do Lula! – assim se dispara a afronta à Constituição. Ao artigo 37, o que trata da administração pública e, pois, do princípio da impessoalidade. Diz a lei: “A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dele não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.”

Pega o empréstimo do candidato Lula! O presidente, ele próprio, empresta nada; tampouco tomará haddads. Não precisa. Está no Japão, na boca livre com a elite do orçamento secreto: Davi Alcolumbre, Arthur Lira, Rodrigo Pacheco e Hugo Motta.

Hugo Motta, Lula e Alcolumbre durante cerimônia de lançamento do Programa “Crédito do Trabalhador”, no Palácio do Planalto  Foto: Ricardo Stuckert/PR

“Apertou o orçamento? O juro tá alto? Pega o empréstimo do Lula!” Pega, gente boa. Você, que está sem grana, com o orçamento comido pela inflação que o governo Lula fabrica, pega! O governo, que se lançou e insiste na gastança, que forja demanda sem lastro produtivo, donde espalhando inflação, quer que você pegue uns haddads. Você, sem dinheiro, com a grana confiscada pela carestia que o governo plantou e planta: pega!

Gleisi Hoffmann, em entrevista à CNN, declarou que a inflação – ora acima de 5% – não está “absurdamente estourada”. Caberia ainda um tantinho mais, entendeu o cronista, se para bancar as expansões fiscais, parafiscais e creditícias em curso.

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Você, pressionado pelo juro alto que responde à inflação que o governo produz; você, doravante seduzido pelo pregão do empréstimo “barato” por meio do qual o governo inflacionário dobra a aposta no estímulo ao consumo que garantirá a inflação por mais tempo: pega! Operação assegurada pelo FGTS, dinheiro seu, de que não pode dispor, que rende mal – e que servirá de seguro para você se endividar “com juros mais baixos”. Pega!

Lula explica: “É um crédito a juro baixo, para você fazer aquela reforma, comprar uma geladeira, trocar a televisão ou fazer o que você quiser. Ou até pagar uma dívida que você tem que tem juro mais alto. Você pode resolver grande parte dos seus problemas”. Ou aumentá-los.

Seguramente resolvidos os problemas do governo em sua corrida eleitoreira com a inflação. Financiada, em várias frentes, a tentativa de reeleição do homem do povo. Mais dinheiro na mão do povo já: liquidez artificial geradora de bem estar em curto prazo – e engordadora da bomba que explodirá adiante. Pega!

Opinião por Carlos Andreazza

Andreazza foi colunista do jornal O Globo e âncora da Rádio CBN Rio, além de ter colaborado com a Rádio BandNews e com o Grupo Jovem Pan. Formado em jornalismo pela PUC-Rio, escreve às segundas e sextas.

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