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Opinião | Pablo Marçal estava certo: não haverá segundo turno em São Paulo. Não para ele

Não dá para protestar contra as canetadas autoritárias de Alexandre de Moraes e considerar parte do jogo que a disrupção de Marçal abarque denúncia fraudulenta contra adversário

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Foto do author Carlos Andreazza

Pablo Marçal estava certo. Não haverá segundo turno em São Paulo. Não para ele. Tampouco terceiro turno. É imperativo republicano que a Justiça Eleitoral lhe imponha a inelegibilidade pelos crimes que cometeu.

A lei que protege os direitos de votar e ser votado a ser a mesma que punirá aquele que a instrumentalizou para difundir delinquências.

Não dá — a conta da honestidade intelectual não fecha — para protestar contra as canetadas autoritárias de Alexandre de Moraes e considerar parte do jogo que a disrupção de Marçal abarque denúncia fraudulenta contra adversário.

Pablo Marçal (PRTB) dá entrevista na frente de casa após sua derrota no primeiro turno paulistano Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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O candidato-punição, o que vinha para se vingar do sistema, afinal cassado pelo funcionamento do Estado Democrático de Direito. É o que se espera. O candidato-punição, o que prometera derreter Guilherme Boulos e encarcerar Ricardo Nunes, derrotado — nas urnas — por Nunes e Boulos.

Ao prefeito, candidato à reeleição, renovadas as chances de se afirmar e concorrer como incumbente, com autoridade. O acesso ao segundo turno — e na liderança — a lhe ofertar a oportunidade de afastar a síndrome de impostor e desenvolver alguma confiança na legitimidade de sua condição de alcaide.

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Confiança que sempre teve do governador Tarcísio de Freitas — o vitorioso na disputa paulistana, que, por voos maiores, organiza o futuro em função do apoio de Gilberto Kassab, o grande vencedor nacional. Nunes indo ao segundo turno sem qualquer dívida para com Jair Bolsonaro.

(Em Belo Horizonte, o bolsonarista Bruno Engler avançou empurrado por Nikolas Ferreira — a ser a verdadeira preocupação de Bolsonaro.)

Favorito, Nunes está mais para compor a expressão do grupamento político campeão em 2024: o consórcio do chamado Centrão, ora inclinado à direita porque assim apontam os ventos. A porção vencedora do PL sendo mais tributária dos empenhos de Valdemar Costa Neto que da influência de Bolsonaro.

(Que a exposição de fraqueza do ex-presidente não faça pressupor a glória de Lula. A esquerda, PT na cabeça, é derrotada maior, conforme ilustra o passeio de Eduardo Paes no Rio de Janeiro, reeleito numa frente ampla que expôs amplamente todos os sem-votos da cidade — só Paes na frente.)

A porção mais vencedora do PL é aquela, objetiva, que transita com Kassab, Baleia Rossi, Marcos Pereira e Ciro Nogueira — os responsáveis pela sustentação de Nunes mesmo quando Marçal parecia arrastão irresistível.

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Esses são os ganhadores. Não à toa, senhores dos partidos mais beneficiados pela operação acelerada-concentrada do orçamento secreto no primeiro semestre, gestão inconstitucional de bilhões que constituíram fundo eleitoral paralelo.

Grande vencedora também — eleitora maior — a emenda de comissão.

Opinião por Carlos Andreazza

Andreazza foi colunista do jornal O Globo e âncora da Rádio CBN Rio, além de ter colaborado com a Rádio BandNews e com o Grupo Jovem Pan. Formado em jornalismo pela PUC-Rio, escreve às segundas e sextas.

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