O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) afirmou que deixará de administrar as redes sociais do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Carlos foi o responsável por criar e comandar as redes de Bolsonaro por mais de dez anos. Em postagens em suas redes sociais neste domingo, 16, o vereador escreveu que “em breve chegará o fim deste ciclo de vida”.
O vereador ainda desabafou, afirmando que “pessoas ruins” estariam ganhando com seu trabalho e que ele teria sido “tratado de modo que nem um rato mereceria”. “Não acredito mais no que me trouxe até aqui”, acrescentou Carlos.
Ainda assim, disse que não sairá “sem avisar”. “(Foram) anos de muita satisfação pessoal e tenho certeza de que de muita valia para pessoas boas e também às mais ingratas e sonsas”, escreveu o vereador.
Campanha
Como mostrou o Estadão, Bolsonaro apostou em Carlos para a campanha nas redes sociais durante as eleições de 2022. Mesmo aceitando o trabalho de marqueteiros profissionais, os bolsonaristas mais ligados à “direita raiz” e o próprio presidente contaram com o trabalho de redes sociais do filho “02″, a quem já respondiam os integrantes do grupo conhecido como “gabinete do ódio”.
Durante a disputa de segundo turno, Carlos chegou a ser acusado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de usar as redes sociais para promover um “ecossistema de desinformação” para beneficiar o pai.
Michelle
Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, e o marido pararam de se seguir no Instagram depois da derrota do ex-presidente na eleição de 2022. Michelle, no entanto, declarou que ela e o marido seguiam “firmes e unidos”. “Conforme o Jair já explicou em várias ‘lives’, quem administra essa rede não é ele”, acrescentou.
Carlos já tinha uma relação conturbada com Michelle, que inclusive restringiu sua presença no Palácio da Alvorada. Eles se desentenderam também durante a campanha de 2022 e a então primeira-dama chegou a pedir que o vereador se retirasse de uma reunião com Jair e outros integrantes do grupo no Palácio do Planalto. Depois disso, Carlos não acompanhou o pai no debate de segundo turno na Globo, no dia 28 de outubro.
Ainda em 2019, o “gabinete do ódio” já causava divisões na família Bolsonaro. À época, além dos desentendimentos com Michelle, a postura de confronto tomada por Carlos nas redes levou também ao seu afastamento do irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que costumava apresentar uma postura mais conciliadora.
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