Carlos Bolsonaro vai deixar Republicanos para presidir PL no Rio em ano eleitoral

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o vereador do Rio terá papel decisivo na definição dos nomes que disputarão a eleição municipal deste ano

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Foto do author Rayanderson Guerra

RIO – Prestes a disputar o sexto mandato à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho 02 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), está de saída do atual partido para assumir a presidência do diretório municipal do PL na capital fluminense. As condições de filiação do parlamentar ao partido comandado por Valdemar Costa Neto já foram seladas e a troca deve ocorrer em março, mês em que se abre a próxima janela partidária.

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A informação foi divulgada, inicialmente, pelo portal Metrópoles. O atual vice-prefeito do Rio, Nilton Caldeira (PL), que acumula a função de presidente municipal do PL, confirmou ao Estadão a mudança de comando na sigla. Segundo Caldeira, Carlos assume o partido em março e terá peso na definição dos candidatos que disputarão a eleição municipal deste ano.

“A presidência será passada ao Carlos em março, quando ele vem para o partido. O voto dele terá peso na decisão da nominata, até porque será o presidente do partido, mas a nominata será decidida por uma comissão formada pelos diretórios municipal e estadual”, afirmou.

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro vai trocar o Republicanos pelo Partido Liberal Foto: Fabio Motta/Agência Estado

A mudança de comando no PL sacramenta o afastamento de Caldeira do prefeito Eduardo Paes (PSD). Companheiros de chapa em 2020, o vice-prefeito viu a relação com o mandatário ruir no decorrer do mandato e a aliança não deve se repetir. O vice-prefeito será candidato a vereador.

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A mudança de comando no PL busca atender aos interesses políticos do ex-presidente Bolsonaro em sua base eleitoral. Inelegível desde que deixou a presidência da República, Bolsonaro quer assumir as rédeas do partido no Rio via Carlos.

O partido, que tem ainda o governador Cláudio Castro (PL) como uma figura de peso no Estado, deve lançar nomes alinhados ao bolsonarismo, como o pré-candidato à Prefeitura da capital Alexandre Ramagem, deputado federal que foi diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão Bolsonaro, nas principais cidades da região metropolitana.

O deputado Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, e o vereador Carlos Bolsonaro Foto: @carlosbolsonaro via X

Histórico de críticas

A presidência de Carlos no PL carioca já começa com um histórico de críticas do vereador ao partido e ao presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto. Recentemente, sem citar nominalmente Valdemar, o vereador do Rio cobrou que a sigla deveria “bater” em Lula.

A declaração de Carlos foi em resposta a uma nota do jornal Metrópoles que informa que Alexandre Ramagem vem recebendo cobranças por não criticar Paes. O filho do ex-presidente, em uma indireta, afirmou que o partido também deveria reprovar o presidente.

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“E o PL bater em Lula, não elogiar um merda que só faz merda”, disse o vereador em postagem no X. Dias antes, uma entrevista em que o presidente da legenda elogia o petista se tornou pública.

Em outro episódio, Carlos atravessou uma negociação entre o senador Carlos Portinho (PL-RJ) com Costa Neto, como mostrou a Coluna do Estadão. Os dois acertaram as condições para que Portinho retire sua pré-candidatura à Prefeitura do Rio para unir forças em torno da candidatura de Ramagem. Carlos, no entanto, não ficou satisfeito com o acordo.

Nas redes sociais, o vereador compartilhou um vídeo do influenciador bolsonarista Kim Paim, com críticas a Portinho, pelo que teriam sido as condições para a retirada de sua candidatura.

Movimentos recentes do partido indicam que Bolsonaro quer priorizar aliados próximos na corrida pelo comando das capitais e mostrar que ainda é forte politicamente, após se tornar inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Valdemar, por sua vez, defende apostar em políticos com mais chances de vitória, com a meta de o PL eleger mais de mil prefeitos no País.

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Em outubro do ano passado, Carlos criticou os parlamentares do PL que receberam emendas de relator do governo Lula. Em publicação nas redes sociais, afirmou que “os outros partidos e grupelhos já perceberam que o PL está se passando nitidamente de fachada”.

Sai PL, entra PT

A aliança pragmática entre Eduardo Paes e o PL para as eleições de 2020 foi marcada por brigas internas e promessas não cumpridas. Em um movimento para fortalecer sua candidatura, Paes prometeu cargos ao PL na administração municipal em caso de eleição. A chapa foi eleita, mas os compromissos políticos deixados no papel.

A filiação do grupo político de Bolsonaro e do governador Cláudio Castro ao PL em 2021 selou o rompimento.

Agora, sem a musculatura do PL para compor a coligação pela reeleição, Paes investirá no acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT fluminense. As conversas para a composição de chapa já começaram, mas o acordo só dever ser fechado no fim do primeiro trimestre deste ano.

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