BRASÍLIA - Notas fiscais do cartão corporativo da Presidência da República revelam que o governo gastou R$ 16,2 mil para bancar a hospedagem de uma equipe de servidores que foi para Alagoas dar proteção a Michelle Bolsonaro, numa viagem de lazer. A ex-primeira-dama foi passear na região conhecida como rota ecológica do litoral nordestino, no município de São Miguel dos Milagres. Agentes de segurança foram junto e as despesas desses funcionários públicos foram custeadas com esse modelo de pagamento.
Os documentos de prestação de contas analisados pelo Estadão apontam ainda gastos do mesmo gênero em viagens privadas de Carlos e Jair Renan, filhos de Jair Bolsonaro. Somente em abril de 2021 há registros de notas emitidas em sete viagens de parentes do então presidente.
As notas se referem aos gastos dos servidores públicos, que têm a missão de proteger a família do presidente da República. Não foram localizadas despesas de Michelle ou dos filhos de Bolsonaro pagas com cartão corporativo.
Mais sobre o cartão corporativo
Os documentos foram consultados por repórteres do Estadão e da agência Fiquem Sabendo, como resposta a um pedido de Lei de Acesso à Informação (LAI). O Estadão revelou ontem que, durante a gestão Bolsonaro, há registros de gastos com camarão e picanha, em contraposição à imagem de homem de gosto simples passada pelo então presidente em suas aparições públicas. Bolsonaro disse ao menos 15 vezes em lives que não usava o cartão corporativo.
O Estadão não localizou a assessoria do ex-presidente para comentar o assunto.
Thermas
Além de Alagoas, a mulher do então presidente foi a mais quatro cidades durante o mesmo mês de abril de 2021: Presidente Prudente, Araçatuba, São José do Rio Preto, em São Paulo, e por três dias em Caldas Novas (GO), conhecida por ser um destino turístico por águas termais, onde a equipe ficou no Hotel Thermas di Roma. O processo de prestação de contas mostra que foram feitas consultas prévias sobre o preço da hospedagem em busca de opções mais baratas.
No mesmo mês, Jair Renan Bolsonaro foi para Resende (RJ). Os custos da equipe de segurança também foram pagos com o cartão corporativo. Situação semelhante ocorreu com vereador Carlos Bolsonaro, quando viajou a Brasília e também foi acompanhado de seguranças. l
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