Casais, irmãos, pais e filhos: Quem são os parentes que tomam posse no Congresso em 2023

Casal Moro, família Calheiros, Detinha e Josimar, irmãos Tatto, pai e filho “da Fonte”, entre outros, serão colegas no Congresso. Pelo menos 27 parentes assumirão mandato no próximo ano

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Foto do author Lauriberto Pompeu

BRASÍLIA – Os laços de família unem pelo menos 27 parlamentares eleitos este ano para o Congresso. Da esquerda ao Centrão, há políticos da mesma família que chegarão ao Legislativo por diversos partidos. Os eleitores escolheram casais, irmãos e pais e filhos para ocupara vagas na Câmara e também no Senado. Entre eles estão o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil), futuro senador pelo Paraná, e a advogada Rosângela Moro (União Brasil), que vai ocupar a cadeira de deputada federal por São Paulo.

Maranhãozinho e sua mulher quando ainda eram deputado estadual e prefeita em 2015. Ambos foram eleitos para a Câmara este ano. Foto: André Dusek / Estadão

Detinha (PL-MA) e Josimar Maranhãozinho (PL-MA) será outro par no Congresso. Os dois, aliás, estarão no mesmo plenário, diante do Salão Verde, pois foram eleitos para a Câmara. Maranhãozinho já era deputado e ganhou o segundo mandato. Ele é um dos beneficiados pelo orçamento secreto, prática revelada em reportagens do Estadão. Alvo da Polícia Federal por suspeita de desvio de recursos públicos, o deputado sempre negou irregularidades.

O casal Rosângela e Sergio Moro foi eleito para o Congresso. Ela será deputada, ele senador. Foto: Alex Silva/ Estadão

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Moro, por sua vez, afirmou que ele e Rosângela trabalharão em parceria no Congresso. “Temos pautas comuns, mas também pautas específicas. Ela deve focar bastante em pautas sociais. Eu, em pautas econômicas. Ambas anticorrupção e segurança pública”, disse o ex-juiz da Lava Jato ao Estadão.

No dia 30 de setembro, às vésperas do primeiro turno da eleição, Moro elogiou Rosângela em mensagem publicada no Twitter. “Mulher preparada, qualificada e que, junto comigo, fez a coisa certa, assumindo riscos que NINGUÉM mais neste país teve coragem de assumir. Vamos continuar a luta com @rosangelamorosp ⁩em Brasília”, escreveu ele.

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Após o resultado das urnas, Rosângela agradeceu os votos recebidos e, mais uma vez, destacou a operação nascida em Curitiba. “Saibam que honrarei nossas batalhas no Congresso Nacional e defenderei o legado da Lava Jato”, observou.

Nas redes sociais, tanto Moro quanto Rosângela pregam a criação de uma bancada da Lava Jato no Congresso. Além dos dois, o ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que coordenou a força-tarefa da operação em Curitiba, foi eleito deputado federal.

Embora as eleições tenham exibido políticos da mesma família, a situação não pode ser configurada como nepotismo, pois não se trata de nomear parentes para cargos na administração pública. Todos passaram pelo teste das urnas.


Dois Renans

Existem, ainda, casos em que pai e filho serão colegas. O Senado, por exemplo, contará agora com dois “Renans”. Adversário de Moro, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), eleito em 2018 para um mandato de oito anos, terá a companhia do ex-governador de Alagoas Renan Filho (MDB-AL).

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O senador Renan Calheiros e seu filho Renan estarão no Congresso. Na foto, os dois aparecem participando de ato político com Lula ainda em 2017. Foto: Paulo Whitaker / Reuters

Ex-presidente do Senado, Renan disse que ele e o filho não necessariamente se comportarão da mesma forma. “Cada um guardará a sua individualidade. Nunca esqueça que filho é uma geração certamente melhorada”, afirmou Renan ao Estadão.

Outro Calheiros no Congresso é Renildo, deputado federal pelo PCdoB de Pernambuco, que foi reeleito neste ano. Renildo é irmão de Renan pai e tio de Renan Filho.

No Salão Verde da Câmara também será possível encontrar uma dobradinha doméstica. O deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), conhecido como Dudu da Fonte, obteve novo mandato e conseguiu eleger seu filho Lula da Fonte (PP-PE), de apenas 21 anos. Os dois fizeram campanha juntos em Pernambuco, mas o pai disse que Lula da Fonte terá um mandato autônomo.

“Ele tem vida própria na política. Foi presidente do PP jovem e do PP do Recife e hoje é vice-presidente do partido (em Pernambuco). Sempre participou das minhas campanhas e agora tem vida própria na política. Conseguiu 95 mil votos, tem as bandeiras dele, como a causa animal e a segurança alimentar”, destacou Dudu da Fonte.

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Jilmar Tatto retorna à Câmara como deputado ao lado de seu irmão Nilto. Foto: Renato Cerqueira / PAGOS

Além de serem do mesmo partido, os irmãos Jilmar e Nilto Tatto, ambos do PT de São Paulo, também serão agora colegas na Câmara. Nilto já era deputado federal e foi reeleito. Secretário nacional de Comunicação do PT, Jilmar foi deputado estadual e federal, mas estava sem mandato e retornará à Câmara.

O deputado Nilto Tatto que se reelegeu como deputado e terá a companhia do irmão Jilmar. Foto: Gilmar Felix/ Divulgação - 13/08/2018

Articulação

“Vou trabalhar no Congresso para criar o Sistema Único de Mobilidade, assim como tem o Sistema Único de Saúde. A pauta do Nilto é diferente: são temas da agenda ambiental, dos povos originários, dos quilombolas e agricultura familiar”, argumentou Jilmar, ex-secretário municipal de Transportes em São Paulo.

O petista disse que atuará como articulador político dentro do Congresso. “O meu perfil é mais pró-mobilidade, mais de articulação política. Até pelo fato de eu ser da direção nacional do PT, (o foco) é mais a relação com os partidos”, avaliou.

O pastor R.R.Soares terá dois filhos como deputados federais. Foto: Reprodução

Nas fileiras evangélicas, o missionário R. R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, conseguiu emplacar dois filhos como deputados federais, embora ele mesmo não tenha disputado nenhum cargo. Tanto David Soares (União-SP) quanto Marcos Soares (União-RJ) conquistaram cadeiras na Câmara.

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Para algumas famílias, no entanto, a disputa de 2022 significou distanciamento. A deputada Angela Amin (PP-SC) não foi reeeleita e estará fora da próxima composição do Congresso, que ainda terá seu marido, o senador Esperidião Amin (PP-SC). Eleito em 2018, Esperidião ainda possui mais quatro anos de mandato.

Caso parecido é o de Kátia Abreu (PP-TO), que não teve o mandato renovado. Ex-ministra da Agricultura na gestão de Dilma Rousseff, Kátia deixará o Salão Azul e não será mais colega de seu filho, o senador Irajá Abreu (PSD-TO), que foi eleito em 2018. Apesar de filiada ao PP, partido do Centrão que apoia o presidente Jair Bolsonaro, Kátia declarou voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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