Casal envolvido em ataques a Alexandre de Moraes depõe na PF

O empresário Roberto Mantovani Filho e sua mulher são acusados de participarem de agressões ao ministro do STF no aeroporto de Roma

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Foto do author Isabella Alonso Panho
Atualização:

PIRACICABA - Envolvidos nos ataques ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no aeroporto internacional de Roma, o empresário Roberto Mantovani Filho e sua mulher Andréia Munarão prestaram depoimento à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira, 18, em Piracicaba. Os dois e o corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto foram identificados pela PF e responderão a inquérito.

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O casal chegou à sede da Polícia Federal por volta das 8h30. Eles entraram e saíram pela garagem do órgão e não falaram com a imprensa. O primeiro depoimento, de Roberto, começou 9h e se encerrou pouco depois das 11h30. O depoimento de Andréia durou também aproximadamente duas horas e meia. A PF ouviu o filho do casal, Giovani, por cerca de duas horas. Ele é testemunha do caso.

Durante o depoimento do casal, a presidente do Supremo, ministra Rosa Weber, autorizou a busca e apreensão nas residências dos três investigados. O veículo de Mantovani e Andréia foi vistoriado por agentes da PF depois dos depoimentos desta tarde. De acordo com o advogado deles, Ralph Tórtima Filho, o exame do veículo foi permitido pela defesa.

Roberto Mantovani, de 71 anos, teria insultado Moraes, ministro do STF e também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Andreia também teria proferido ataques verbais ao magistrado.

Tórtima Filho disse que, no depoimento desta terça, Mantovani admitiu que houve um “entrevero”, uma confusão envolvendo várias pessoas, com o filho do ministro do Supremo. O estopim da briga teria sido a falta de lugares na sala VIP de espera do aeroporto de Roma.

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O ministro Alexandre de Moraes foi alvo de ataques no aeroporto de Roma Foto: Gustavo Moreno / AP

A PF espera receber imagens gravadas pelo circuito interno de câmeras do aeroporto de Roma para ajudar a esclarecer o caso. As agressões a Moraes foram condenados pelo governo e também por autoridades do Judiciário.

Ao Estadão, Mantovani disse no domingo, 16, que a família foi abordada pela Polícia Federal às 5h daquele dia quando chegou ao Brasil em um voo da Itália. O empresário, a mulher dele, Andreia, filhos, genro e netas passaram férias no País europeu. Segundo a PF, ela também participou do episódio de hostilidade contra o ministro ao dar início a xingamentos e também será alvo de inquérito.

“Nunca imaginei que eu ia passar por isso nessa idade, já aposentado”, disse. “Vamos aguardar as próximas etapas. Não tenho nada contra a pessoa dele. Não sou ligado à política, não sou ligado a nada.”

Também no domingo, o empresário e corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto negou à Polícia Federal ter hostilizado ou agredido o ministro. Ele também prestou depoimento em Piracicaba. Roberto Mantovani é sogro de Alex Zanatta, e Andréia Munarão, mulher de Mantovani.

Entenda o caso

Moraes foi atacado por três brasileiros por volta das 18h45 de sexta-feira, no horário local (13h45 em Brasília). Uma mulher xingou o ministro de “bandido, comunista e comprado”. Mantovani, segundo a PF, reforçou os xingamentos e teria agredido fisicamente o filho do ministro. Zanatta se juntou aos dois com palavras de baixo calão. As informações foram confirmadas por interlocutores da PF e do Ministério da Justiça.

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Em 2020, o empresário Mantovani destinou R$ 19 mil a campanhas eleitorais e ao PSD de Santa Bárbara D’Oeste. O empresário doou R$ 4 mil para a campanha eleitoral de José Antonio Ferreira, que foi candidato à prefeitura de Santa Bárbara D’Oeste pelo PSD. O candidato não foi eleito. Mantovani transferiu R$ 11 mil à direção do PSD na cidade.

Moraes estava acompanhado de seus familiares no aeroporto. O ministro retornava da Universidade de Siena, onde realizou uma palestra no Fórum Internacional de Direito. Os três brasileiros se tornaram alvos de um inquérito da PF, mas não chegaram a ser presos.

O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), ligou para Moraes e se solidarizou com a violência sofrida pelo magistrado. O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), classificou as agressões como “inadmissíveis”.

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