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Centrão quer Occhi na presidência da Caixa; governo vê nomeação como ‘quase certa’

Partidos aliados também querem ocupar Ministério dos Esportes e Desenvolvimento Social

Foto do author Sofia  Aguiar
Foto do author Giordanna Neves
Atualização:

BRASÍLIA - O ex-ministro dos governos Dilma Rousseff e Michel Temer e ex-presidente da Caixa, Gilberto Occhi (PP), foi o nome indicado pelo Centrão ao Palácio do Planalto para comandar a Caixa Econômica Federal no lugar da atual dirigente, Rita Serrano. Na avaliação de integrantes do governo ouvidos pelo Estadão/Broadcast, a nomeação é considerada “quase certa”.

Ao escolher Serrano para presidir a Caixa, Lula ressaltou a presença de mulheres à frente dos bancos públicos - para o Banco do Brasil, ele escolheu Tarciana Medeiros. O comando da Caixa, no entanto, passou a entrar na barganha politica. Como mostrou o Estadão/Broadcast, na semana passada, indicações de ministérios e órgãos estiveram na mesa de negociações entre o governo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários para que a Casa avançasse na votação de pautas importantes para o Executivo, como o projeto de lei que retoma o chamado “voto de qualidade” no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Gilberto Occhi é cotado para assumir a Caixa por indicação do Centrão  Foto: Cesar Itiberê/PR

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O grupo negocia com o Executivo a entrega do Ministério do Esporte ao Republicanos (Silvio Costa Filho, de Pernambuco, é cotado para ser ministro) e do Ministério do Desenvolvimento Social ao PP (André Fufuca, do Maranhão, é o mais cotado). Além da troca no Ministério do Turismo, que será assumido por Celso Sabino (União Brasil-PA).

O Centrão queria sinalizações concretas e empenho do governo para que a Câmara não adiasse a votação do PL do Carf para agosto. Em uma ligação entre Lula e Lira logo na sexta-feira (7) de manhã ficou pavimentado o caminho para conclusão dos acordos e a Casa aprovou o projeto de lei visto como imprescindível no momento em que a equipe econômica busca incrementar receitas para viabilizar as regras do novo arcabouço fiscal.

Ao final da tarde, Lula se reuniu com o presidente da Câmara e os líderes partidários para agradecer a aprovação da reforma tributária. A foto registrada na ocasião simbolizou o “acerto de contas” e sinalizou o embarque do Centrão ao governo.

Partidos do Centrão também pleiteiam o comando da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O governo tentou extinguir o órgão logo no início do ano, mas o Congresso não aceitou. Além disso, o União Brasil quer o comando da Embratur, subordinada ao Ministério do Turismo e hoje chefiado por Marcelo Freixo. O líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), quer um ministério “completo”, como já afirmou.

Diante das negociações entre Centrão e governo, a Câmara resolveu postergar a votação do arcabouço fiscal para, justamente, “encarecer” o valor dos pedidos. “A gente não quis entregar tudo agora”, disse um parlamentar à reportagem, ao reforçar que o mês de julho servirá para aprofundar esse diálogo.

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Integrantes do governo, no entanto, reforçam que as conversas ministeriais ainda estão se “afunilando”. No Desenvolvimento Social, por exemplo, há uma forte resistência da bancada petista e da própria primeira-dama, Janja da Silva, a entregar o Bolsa Família, hoje sob alçada da pasta, ao Centrão. Petistas também resistem em remover o ministro Wellington Dias (PT-PI), quadro histórico do partido, do cargo.

Uma das saídas aventadas internamente seria dividir a pasta, deixando o Bolsa Família ainda sob responsabilidade de Dias. A solução poderia ser bem recebida pelo Centrão, já que continuaria sob o comando do grupo os programas e as obras que são da alçada do ministério.

As negociações para atender os três partidos ficaram fortalecidas após sinais de enfraquecimento do Executivo junto ao Congresso. Como mostrou a reportagem, em julho, em meio às negociações do governo para entregar o Turismo ao União Brasil, Elmar disse ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, que seria preciso atender o chamado “blocão” nas trocas ministeriais para ampliar a base na Casa e garantir conforto na tramitação de pautas prioritárias ao governo.

Na época, lideranças já diziam que a troca do União, envolvendo um “ministério pequeno” como o Turismo, não resolveria o problema de articulação do governo na Câmara. Os parlamentares reforçavam a necessidade de atender o bloco como um todo para a melhorar a relação do Executivo com os parlamentares. “Para bom entendedor, meia palavra basta”, disse o líder do União à reportagem na época.

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