Bolsonaro chega ao Brasil em meio a investigação sobre caso das joias

Ex-presidente chega ao País e já tem depoimento marcado pela PF sobre a tentativa de esconder da Receita Federal joias presenteadas pelo regime da Arábia Saudita

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Atualização:

BRASÍLIA – O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou ao Brasil. O voo comercial que o trouxe dos Estados Unidos pousou no aeroporto da capital federal por volta das 6h40. Bolsonaro passou três meses nos EUA, tendo deixado o País dois dias antes da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para não ser obrigado a entregar a faixa ao sucessor. O ex-presidente retorna em meio às investigações sobre o caso da joias presenteadas pelo regime da Arábia Saudita e não declaradas à Receita Federal, como revelou o Estadão.

Imagens feitas por passageiros mostram que no momento do desembarque, Bolsonaro foi aplaudido por algumas das pessoas que estavam a bordo e ainda ouviu gritos de “mito”, quando se levantou para deixar a aeronave.

Desde cedo, bolsonaristas vestindo camisas amarelas e enrolados em bandeiras do Brasil aguardavam o saguão do aeroporto de Brasília. Aliados do ex-presidente chegaram a prever que 10 mil pessoas iriam se aglomerar na área do desembarque para uma festa de recepção, mas o público até, o momento, é menor. Cerca de 600 pessoas esperavam pela chegada de Bolsonaro.

Na área de desembarque, apoiadores do ex-presidente fizeram um cordão para recepcioná-lo. Um dos passageiros que deixou a área fez o L de Lula e foi vaiado pelos bolsonaristas.

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Segundo passageiros que estavam no voo comercial que chegou dos EUA, o ex-presidente foi o primeiro a desembarcar e não havia sinais de que sairia pelo mesmo saguão usado pelos demais viajantes. Outro passageiro informou que a Polícia Federal teria acompanhado a saída de Bolsonaro por uma área restrita. Bolsonaro foi levado por uma área privativa e deixou o aeroporto sem ser visto pelos apoiadores.

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A saída de Bolsonaro sem passar pelo saguão principal deixou clima de decepção entre os apoiadores que o aguardavam.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) apareceu na área de desembarque e foi cercado pelos apoiadores do pai. Tirou fotos e gravou vídeos com eles.

Apesar da imagem desgastada após os atos golpistas de 8 de janeiro e a descoberta do caso das joias, Bolsonaro prepara uma estratégia para mostrar que ainda é o principal antagonista do presidente Lula. Na tentativa de se desviar das acusações que pesam contra ele, Bolsonaro voltará a investir nas redes sociais para fazer um contraponto entre sua gestão e ações do governo petista. A data para o seu retorno foi planejada sob medida, às vésperas de Lula completar três meses de governo, num momento em que o petista enfrenta uma situação difícil na política e na economia. Bolsonaro embarcou para Orlando (EUA) em 30 de dezembro do ano passado, sem passar a faixa a Lula e alimentando suspeitas infundadas sobre a legitimidade das eleições.

A Secretaria de Segurança do Distrito Federal e a Polícia Federal montaram esquema especial de policiamento para a volta do ex-presidente. A PF informou que não permitiria que Bolsonaro use o saguão principal do aeroporto. A instituição alega que precisava preservar a segurança do local.

A secretaria do DF também anunciou que não iria permitir que o ex-presidente faça desfile em carro aberto, como chegou a ser cogitado por aliados de Bolsonaro. O secretário de Segurança do DF, Sandro Avelar, sustentou que ações do tipo infringem o código de trânsito e não serão permitidas pelo Detran.

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No PL

O primeiro compromisso de Bolsonaro na capital é uma reunião no PL. O ex-presidente chegou às 8 horas para o encontro no partido em um comboio de veículos, sob esquema de segurança que incluiu carros e helicópteros da Polícia Militar e da Polícia Civil. Do lado de fora, apoiadores aguardavam a chegada de Bolsonaro com bandeiras e roupas de apoio ao ex-presidente. Um grupo de parlamentares já o esperava do lado de dentro. “Ele exercerá o papel de quem teve 50% dos votos na urna”, disse o senador Rogério Marinho (PL-RN) antes do encontro.

TCU

Na quarta-feira, 29, o Tribunal de Contas de União (TCU) determinou que o ex-presidente devolva, imediatamente, a terceira caixa de joias que ele recebeu do regime da Arábia Saudita e que tinha guardado em vez de ter enviar para o acervo do Estado Brasileiro. A existência desta terceira caixa, estimada em pelo menos R$ 500 mil, foi revelada pelo Estadão na noite de segunda-feira, 27. A decisão do ministro do TCU Augusto Nardes atende ao pleito de parlamentares que solicitaram a retirada dos itens.

Terceira caixa de joias recebida pelo então presidente Jair Bolsonaro e que foi levada para seu acervo pessoal  Foto: Reprodução / Estadão

Além de determinar a devolução dos itens, o TCU alertou Bolsonaro sobre a omissão de informações relacionadas aos presentes que recebeu do regime saudita. Na semana passada, a Corte já havia determinado que o ex-presidente deveria entregar bens de valor recebidos dos sauditas.

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